Opinião

Passa da hora de colocar a casa em ordem

Depois de um primeiro ano de governo um tanto traumático, principalmente pelo grande número de denúncias que envolveram o primeiro escalão e a queda de oito ministros, sete deles por terem perdido a sustentação política, justamente pelo fato de estarem ligados diretamente a possíveis esquemas de corrupção, a presidente Dilma Rousseff deve iniciar um processo bastante amplo de arrumação da casa.  Passado o carnaval, ela terá uma série de encontros com partidos da base aliada, em especial com as bancadas da Câmara, tentando recompor a sustentação do governo e para fechar importantes acordos visando a sucessão municpal por todo o Brasil.


As conversas servirão para resolver “contenciosos”, como o espaço do PDT e até do PR no primeiro escalão do governo. Os dois foram bastante atingidos quando importantes nomes da sigla tiveram que deixar os postos no primeiro escalão.  O PDT já não esconde mais a insatisfação com a demora na escolha de um nome para ocupar o Ministério do Trabalho, onde o interino Paulo Roberto Pinto está desde o início de dezembro, quando Carlos Lupi deixou o cargo. Na semana passada, o próprio demitido disse que trataria do assunto com o Palácio do Planalto.


Essa situação incômoda em relação ao PDT já tem aparecido nas sessões da Câmara. O partido tem ameaçado votar contra o projeto que cria o Regime de Previdência Complementar do Servidor Público da União (Funpresp), tema importante para o Planalto. Aliado ao PSDB, DEM, PSOL e ao PR, o PDT fez coro à proposta de adiamento da votação na primeira semana de fevereiro, o que irritou o Planalto.


Fora isso, Dilma corre o risco de ver importantes aliados se bandeando para o outro lado nas disputas de importantes prefeituras do país. Em São Paulo, por exemplo, ao mesmo tempo que o PT tentava atrair o PSD de Kassab, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) trabalha para ter o apoio do PSB, do PP e até do PDT em torno de um nome tucano para a disputa.


Desta forma, se Dilma não for hábil na arrumação da casa, corre o risco de ter problemas não só na garantia da base em Brasília mas – principalmente – de levar adiante o projeto do PT de conquistar importantes prefeituras, que seriam vitais em sua reeleição em 2014, assim como na eleição de governadores do partido em estados, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

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