Ainda durante o feriadão de carnaval, quando procurava – à medida do possível – me desligar um pouco do mundão, a primeira notícia triste de uma meia semana cheia de fatos inusitados. Uma garotinha de três anos perdeu a vida, na praia, bem pertinho de onde eu estava, depois de ser atingida por um jet-sky descontrolado. Testemunhas apontaram que um menino de 14 estava no comando da pequena embarcação. Advogado de defesa do adolescente, que não prestou socorro e fugiu do condomínio de luxo, apareceu falando em fatalidade. Tudo, menos fatalidade, né?
Acompanhando o caso pelos noticiários, fica sempre a torcida para que uma punição exemplar ocorra não necessariamente ao garoto, mas ao irresponsável que permitiu ele no comando do jet.
Aliás, isso não justifica nada, mas é tão comum ver filhinhos de papai se exibindo em nossas praias sem qualquer noção sobre o que estão fazendo. Uma pequena vida se perde. A impunidade, em mais este caso, só servirá para que outros e mais outros assassinatos ocorram diante de nossos olhos.
Já na terça-feira, ainda no feriado, mas já de volta à minha casa, tive meu primeiro contato com o carnaval. Não sei por que, mas gosto de ficar assistindo apuração de desfile de escola de samba. Confesso que, apesar de corinthiano, não morro de amores pela Gaviões, uma torcida organizada do meu time que não deveria estar metida nessa coisa. Mas pude assistir – ao vivo e em cores – o imbecil vestindo uma camiseta azul jogar por água toda a pseudo organização do carnaval paulistano.
Bastou pular as grades, driblar meia dúzia de seguranças e se apoderar dos votos ainda a serem apurados. No meio da muvuca, mas diante das câmeras de televisão, saiu sorrateiramente levando consigo a prova do crime. O que aconteceu a seguir só confirma algo que todos sabem há muito tempo. Torcida de time de futebol e escolas de samba devem se manter longe. Um bando de loucos, literalmente, sem eira nem beira, sai pela grande cidade causando. Marginais que tomaram a Marginal. Só a lamentar.
Para fechar, veio a quarta-feira e com ela a volta do futebol. Em vez de gol, o mundo vibrou com o não gol. Deivid, o camisa 9 do Flamengo, entra para a história como o autor do gol mais perdido que quase todos aqueles que apreciam o futebol já viram. Tivesse marcado, ninguém mais se lembraria que ele existe. Coisas da vida. De uma meia semana cheia de situações insólitas. Que termina com o fim do horário de verão.
Ernesto Zanon
Jornalista, diretor de Redação do Grupo Mídia Guarulhos, escreve neste espaço na edição de sábado e domingo
No Twitter: @ZanonJr