Por mais que toda categoria profissional tenha o direito de fazer suas reivindicações e pressionar por meio até de greves aqueles de quem discordam, o que ocorre na Região Metropolitana neste momento beira a indecência. Por causa da proibição do trânsito de caminhões em importantes vias da Capital em horários pré-determinados, anunciados desde o ano passado, os transportadores de combustível estão usando de uma arma inglória em sua luta para tentar rever a posição da Prefeitura paulistana: a chantagem.
Neste sentido, com boa dose de razão, o prefeito da Capital, Gilberto Kassab (PSD), endureceu o jogo, garantindo que não negocia até o momento em que os tanqueiros mantiverem a faca no pescoço de toda a população, não só de São Paulo mas também de todos os municípios ao redor que estão sendo afetados pelo desabastecimento de combustível.
A proibição aos caminhões não se deu da noite para o dia. Vem de vários meses de conversas, negociações, informações. Ninguém pode alegar que a medida foi intransigente ou algo parecido. Talvez, o que muita gente não enxerga, pesa o fato de ninguém ter se atentado que a medida era para valer, a ponto de buscar alternativas viárias por meio de negociações. Ainda mais que as restrições para veículos que transportam combustível, que se encaixa no quesito carga perigosa, já vigem há algum tempo. Não é de agora.
Porém, no momento em que a proibição passou a vigorar, os sindicatos dos transportadores – aproveitando o momento político – conduziram suas bases a um movimento de greve descabível. São Paulo pode parar sim. Assim como Guarulhos e outras cidades da região. Isso ocorrendo, a culpa recairá aos irresponsáveis que não sabem lidar com decisões técnicas que visam dar melhores condições de vida para a maioria da população.
As cidades vizinhas à capital, incluindo Guarulhos, estão sofrendo não só por causa de uma decisão de Kassab. Mas principalmente por não acompanharem os movimentos necessários a implantação de medidas maiores. Guarulhos segue totalmente dependente das rodovias federais que atravessam o município. Obras para garantir maior fluidez, dando alternativas à população local ou de passagem, seguem atrasadas. Não é hora mais de ficar reclamando ou achando culpados. O momento deve ser de ações de curto, médio e longo prazo. E que tenham início imediato.