A visita do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a Guarulhos nesta sexta-feira foi marcada pela promessa, mais uma vez, de trazer à cidade uma faculdade de Medicina. O tema é antigo e já faz parte do rol de anúncios políticos nunca cumpridos. Até mesmo algunas instituições de ensino particulares já ensaiaram a instalação de curso médico no município, mas esbarraram nas burocracias oficiais. O atendimento médico em Guarulhos é um dos maiores problemas para a administração municipal. Por mais que se invista em equipamentos – apesar de não haver nenhum novo hospital no município depois da construção do Pimentas Bonsucesso -, o atendimento primário à população sempre acaba comprometido com a falta de profissionais. Nos últimos anos, o secretário municipal de Saúde e vice-prefeito, Carlos Derman, cansou de bater na mesma tecla, atribuindo à falta de médicos interessados em preencher as vagas sempre em aberto. Além de tentar aumentar os salários dos médicos, as dificuldades de trabalho e as condições oferecidas nas Unidades Básicas de Saúde, muitas vezes localizadas em regiões de difícil acesso ou de pouca segurança, sempre serviram de pretexto para afastar esses profissionais qualificados da rede pública municipal. Junte-se a isso a concorrência natural que existe em outros municípios da Região Metropolitana, que ofeerecem condições muito mais atrativas. Ter uma faculdade de medicina em Guarulhos será um importante passo para que, daqui seis anos ou mais, quando as primeiras turmas se formarem, seja possível ter novos quadros. Mas isso de pouco adiantará se outros problemas não forem resolvidos antes, como a criação de condições de trabalho, que supera a oferta de salário maiores e mais condizentes com o mercado. Nada garante, por exemplo, que os médicos formados em Guarulhos, seja numa universidade privada ou pública, busquem emprego em outros lugares. Talvez, mesmo que tardiamente, o governo federal esteja se dando conta de que investiu muito dinheiro numa universidade no Pimentas, sem que ela forme quadros voltados ao município onde está instalada. Como já conta com uma estrutura física instalada, a Unifesp poderia servir como base para ao curso de medicina público. Nunca se esqueça de que ela está bem ao lado de um hospital municipal, que pode servir como residência para os futuros médicos. Ou seja, difícil não é. Basta ter vontade política. Espera-se apenas que não seja apenas mais uma promessa em ano eleitoral.