Quinta-feira, 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Não, por mais que eu respeite esses seres maravilhosos, não vou tratar da data. Abro meus e-mails logo cedo e a primeira mensagem que avisto é um “Parabéns pelo seu dia”. Vou para o Facebook e o assunto não é outro. Abro os jornais e revistas, inclusive aqueles que eu edito, e elas estão na capa. Na TV, os telejornais diários só falam nisso. Não, não vou tratar da data, eu juro. Mas volto a meus e-mails. Desço um pouco na lista de mensagens e vejo que as parabenizações a mim não param. Aí percebo como muita gente não sabe se comunicar. O avanço dos meios eletrônicos facilitou a vida das pessoas e empresas. Tudo massificado. Você prepara um textinho, coloca uma arte de gosto duvidoso e, a partir de um banco de dados, geralmente burro, clica em enviar. Pronto. O mundo já sabe de suas intenções. E as mulheres e homens se sentirão honrados por suas boas intenções. Lógico que dificilmente o interlocutor será um chato como eu que repara nessas coisas. Mas não tem nada a ver você parabenizar um homem pelo dia delas. Aliás, isso é muito mais comum do que se imagina. Um jornalista, como eu, recebe – sem exageros – mais de mil mensagens eletrônicas por dia. Fora a avalanche de informações que chegam via Twitter e Facebook. É um absurdo o número de informações descabidas. Lembro que no verão passado, em meio a um calor que extrapolava os 30 graus, recebo um release de uma assessoria de imprensa divulgando um inovador equipamento: uma lareira elétrica para aquecer sua casa. Ora, como dá para levar a sério uma coisa dessas? Falta bom senso e profissionalismo para saber abordar seu público alvo, no caso os jornalistas, no momento certo. Lembro sobre um patrocinador do Palmeiras que insistia em me enviar convites para todos os jogos do time do Parque Antarctica que aconteciam em São Paulo. Era tudo de bom (menos o time). Camarote, serviço de leva e traz a partir de um restaurante, onde era possível degustar algumas delícias etc etc. O objetivo era nobre. Agradar, em alto nível, os jornalistas com quem eles mantinham relação direta. A velha política de boa vizinhança. Nada repreensível não fosse o fato de eu ser um corinthiano fanático… E olha que, de forma delicada, deixava isso bem evidente quando as interlocutoras me ligavam para confirmar minha presença. Assim sendo, encerro aqui deixando meus parabéns a todos, independente do sexo ou de suas preferências sexuais. Desta forma, evito de me comunicar de forma equivocada com qualquer um de vocês. Ernesto Zanon Jornalista, diretor de Redação do Grupo Mídia Guarulhos, escreve neste espaço na edição de sábado e domingoNo Twitter: @ZanonJr