Esperada por muitos e comemorada por outros tantos, a saída de Ricardo Teixeira da presidência da CBF, cargo que ocupa desde 1989, pelas maõs de seu então sogro e presidente da Fifa, João Havelange, pode não significar mudanças significativas para o futebol brasileiro. Além da entidade estar contaminda com o que há de pior na política brasileira, a presidência foi assumida por José Maria Marin, representante do Sudeste na CBF e ex-governador de São Paulo. É o mesmo que em janeiro foi flagrado por câmeras de TV colocando no próprio bolso uma das medalhas da premiação do título da Copa São Paulo de juniores conquistado pelo Corinthians.
Ficou o cargo não por méritos mas devido ao estatuto da entidade que dá o cargo de presidente ao vice de maior idade, entre os cinco que representam cada região do país. De passado nebuloso, Marin não pode ser encarado como a solução para os problemas que vêm sendo colecionados há anos pela CBF, que deixaram o Brasil numa posição bastante ruim perante o mundo esportivo.
O número de escândalos que envolvem Teixeira, que fez da CBF um feudo de sua família, em um país sério já o teria levado – não só para fora da entidade – à cadeia muito tempo atrás. São falcatruas, desvios de verbas públicas, uso da posição para facilitar negócios com federações e clubes, entre outras mazelas que só fizeram piorar a já desgastada imagem do futebol brasileiro.
Para piorar ainda mais a situação de Teixeira, que conseguiu se indispor com quase todas as lideranças esportivas do país, fora os problemas que acumulou junto aos mais importantes jornalistas esportivos sérios, ele não consegue que a Seleção Brasileira – antes seu maior trunfo – brilhe dentro de campo. O time foli eliminado precocementes das últimas Copa do Mundo e também na Copa América logo nas quartas de final.
Só fato de ter Teixeira fora da CBF pode sim ser comemorado. Por pior que Marin venha a ser, dificilmente chegará aos pés do velho titular. Mas o Brasil não pode se contentar apenas com isso. Precisa extrapolar à queda do antes todo poderoso e iniciar um movimento de fato pela moralização real do futebol, uma das maiores paixões nacionais. Quem sabe, se Marin assim o permitir, abra-se a grande caixa preta que se instalou na Confederação. Caso contrário, ficará evidente que só mudaram as moscas. E isso o Brasil não quer.