Por mais que seja de conhecimento de muita gente o lado mercantil que exista por trás das maiores igrejas evangélicas, que nasceram no Brasil e se espalharam pelo mundo – a Universal e a Mundial -, a reportagem veiculada domingo pela TV Record (de propriedade da primeira) sobre o enriquecimento pessoal do auto-denominado apóstolo Valdemiro Santiago, líder da segunda, expõe um mar de lama que envolve essas denominações religiosas. Ou alguém imagina que Edir Macedo, o dono da Universal e da Record, seja um poço de virtudes? Muito diferente disso, assim como sua cria, tem vasta ficha corrida de escândalos e falcatruas, tudo em nome de Deus.
É triste perceber que milhões de fiéis, de ambas religiões, sejam apenas números e cifrões que servem para alimentar as já gordas contas bancárias de seus líderes, endeusados por uma legião de pessoas – muitas vezes – abaladas psicologicamnete por uma série de problemas pessoais. Basta olhar, com um espírito um pouco mais crítico, as pregações desses líderes espirituais transmitidos 24 horas por dia em canais abertos de televisão, para perceber que o homem vale muito pelo que ele tem financeiramente. Nada é de graça. Sempre há a necessidade de fazer gordas doações financeiras.
Não se pretende aqui promover uma generalização, afirmando que todos são de má índole. Lógico que existem pessoas sérias nesse meio. Mas muitos perdem a razão justamente no momento em que induzem seus fiéis a doarem tudo o que têm (e algumas vezes o que não têm) às suas igrejas, como se tudo fosse por obra de Deus. Há sim ações de promoção social promovidas por essas agremiações religiosas e outras que visam o bem estar da sociedade. Porém, é notório que o exagero nos pedidos e nas doações abre espaço para distorções, como as reveladas pela TV de Edir Macedo.
Recentemente, o episódio que envolveu a Igreja Mundial, em Guarulhos, revelou como Valdemiro Santiago age em relação àqueles que se opõem a sua igreja. Ameaçou paralisar a rodovia Presidente Dutra, falou em vingança, desejou o mal àqueles que pediam bom senso e responsabilidade na abertura do megatemplo na cidade, entre outras aberrações que não pegaram nada bem para alguém que se diz representante de Deus na terra. A reportagem da Record só foi o primeiro capítulo. Essa guerra, que de santa não tem nada, vai longe.