Como se fosse um poço de virtudes e de agilidade, o poder Judiciário – acompanhando um movimento que começou no Executivo federal, ainda na primeira gestão do ex-presidente Lula, – se levanta contra a imprensa, como se a grande mídia fosse a grande responsável pelos erros tão comuns
Para o presidente do TJ, investigação “é um termo parcial, um termo pejorativo e um termo perverso para enxovalhar a magistratura e isso é uma campanha que vem sendo feita por dois jornais : a Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo”. Em suas argumentações, Sartori até admite que as reportagens até têm sentido. O problema figuraria nas manchetes, sempre depreciativas. “Eu não vou admitir e vou defender até a morte”, afirmou.
Lamentável perceber que tão importante personalidade do Judiciário paulista esteja mais preocupado com a forma do que com o conteúdo. Assim como há problemas no Executivo, no Legislativo e na própria imprensa, há também mazelas no Judiciário. Não adianta querer tapar o sol com a peneira, querendo cuidar de uma imagem que está sim manchada. Somente com mudanças de posturas e agilidade nos trabalhos, será possível conseguir as tais manchetes positivas.
Com mais essa declaração, fica evidente que está em curso no país um grande processo para calar a imprensa livre. Aos poucos, assim como já se manifestou o ex-presidente Lula e ainda pensam importantes figuras do primeiro escalão do governo federal, as afirmações do presidente do TJ de São Paulo podem soar como uma ameaça à liberdade de imprensa.
É possível entender as motivações nobres de Sartori, que podem não ter relação alguma com o cerceamento ao direito da informação. Afinal, em nome da moralização do Judiciário, não pega bem notícias negativas relacionadas à Justiça do país. Mas é temerário aceitar pacificamente esse tipo de declaração. Seria bem melhor que as respostas viessem na forma de trabalho, seriedade e agilidade.