Opinião

Unifesp Guarulhos não conhece a cidade

A chegada de uma universidade pública e gratuita a Guarulhos foi motivo de muita comemoração para o município, já na segunda gestão do ex-prefeito Elói Pietá (PT). Parecia ser uma grande conquista para a cidade, servida apenas por instituições particulares, ainda mais que o campus da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) foi construído em um bairro da periferia, geralmente carente desse tipo de iniciativa.


Passados pouco mais de cinco anos de sua inauguração, assim como vive a universidade pública no Brasil, o campus Guarulhos da Unifesp vive à própria sorte. Para azar dos estudantes, nenhuma das promessas de ampliação ou necessidades primárias para a excelência do ensino foram cumpridas. Nada de ampliação, modernização ou mesmo de melhoria das condições. Hoje, alunos são obrigados a assistirem aulas no CEU Pimentas, um equipamento educacional voltado à educação de base, o que gera um verdadeiro desvio de funções.


Desta forma, cansados de esperar, os estudantes decidiram pela greve. As atividades estão paralisadas desde a semana passada a espera de soluções efetivas, que devem extrapolar o campo das promessas. Aliás, esse não é o primeiro movimento do gênero realizado ali. E – parece – pelo teor das manifestações de quem manda, não será o último.


As reivindicações da comunidade acadêmica merecem ser respeitadas. Porém, algumas como a construção de moradias estudantis podem e devem ser questionadas. Nesse quesito, talvez, esteja um dos grandes erros da implantação da Unifesp Guarulhos. A instituição não é voltada para o município. Há grande quantidade de alunos que são de outras cidades e até estados do país. Até aí nada demais, já que esses estudantes podem colaborar para enriquecer a comunidade local.


Mas não se pode considerar que a universidade é voltada para os interesses da população local. Os guarulhenses que precisam de um ensino de qualidade ainda são obrigados a recorrer às faculdades particulares, pagando por isso. A universidade federal pública não cumpre sua função de atender aos guarulhenses e ainda obriga o município a dispensar espaços de um centro educacional voltado ao ensino básico para sanar as deficiências da Unifesp. Desta forma, inevitável perguntar: o que Guarulhos ganhou com a instalação desse campus?

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