Duas semanas atrás, quando o Guarulhos HOJE se manifestou em editorial sobre o papel da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) em relação a Guarulhos, recebeu – por meio de mensagens eletrônicas e comentários no site – uma série de críticas ao mostrar que a instituição não conhece o município onde está instalado seu campus. De outra parte, algumas lideranças e moradores da região elogiaram a postura do jornal ao mexer em feridas que ninguém gosta de tocar.
Na edição de ontem, porém, em um estudo realizado pela própria instituição, o Guarulhos HOJE trouxe um rápido perfil sobre os estudantes da Unifesp, o que comprova que o jornal estava correto em sua análise. A maioria absoluta dos estudantes não é da cidade. Metade deles moram na Capital. Perto de 36% residem nos demais municípios da Grande São Paulo, incluindo Guarulhos. Ou seja, a comunidade acadêmica não é da cidade e tampouco se esforça para se integrar à comunidade local.
Salve algumas poucas iniciativas isoladas, até hoje, nesses seis anos de convívio com o município, quase nenhuma ação efetiva por parte da instituição ou mesmo de seus estudantes voltada aos interesses de Guarulhos. Apenas usa-se os velhos – e muitas vezes vencidos – discursos que a universidade, ao promover cursos na área de Humanas, valoriza a formação intelectual e social da comunidade. Algo bastante nobre, é verdade. Mas pouco eficaz para a realidade em que se vive.
Tanto que as principais reivindicações dos estudantes em greve há 20 dias confirmam essa ausência do município. Querem moradias e um transporte mais efetivo entre a capital e a cidade, já que não vivem aqui. São pedidos nobres e que merecem ser respeitados. Mas Guarulhos, pela importância e pujança que têm, não pode se limitar a ser um mero coadjuvante neste debate. A cidade precisa se envolver e cobrar da Unifesp ações concretas para que sua presença no município não seja apenas de ocupar um espaço. E sim de participação na vida da cidade. Isso vale para a direção da Unifesp e – principalmente – para a comunidade acadêmica.