Opinião

Uma caixinha de surpresas prá lá de emocionante


Sou um apaixonado confesso por futebol. Até por isso, torço pelo Corinthians, algo que faço questão de bater no peito. E acompanho, mesmo à distância – diante de uma tela de TV, pela internet ou até pelo velho radinho – jogos do meu e de outros times. Domingo passado, pelo tablet, percebia os movimentos da Série A3 do Campeonato Paulista, competição em que o nosso Flamenguinho tinha chances, aparentemente, remotas de ser rebaixado.


 


Pois bem. Em questão de minutos, justamente os últimos dos vários jogos envolvidos, o time de Guarulhos foi do céu ao inferno, voltando a ficar na terra, após muito sufoco. Em campo, bastava ao Menguinho vencer o Guaçuano e se livrar. Mas queria o destino – e incompetência da equipe – que ele perdesse por 1 a 0. Nesse momento, apesar do placar, não cairia, já que o Independente de Limeira, ao empatar seu jogo com o Sertãozinho, iria para a quarta divisão.


 


No finzinho, o time do Limeira marcou, levando o Flamengo à queda. Neste momento, nem adiantava empatar com o Guaçuano que o destino já estava traçado. A única chance do time não cair era a mais improvável: o XV de Jaú vencia em casa o já rebaixado Taboão por 2 a 1 e o jogo já passava dos 45 minutos da segunda etapa. E não é que o time da Região Metropolitana, sem interesse algum na competição, chegou ao empate aos 47? Sim. E o nosso Flamengo voltará a disputar a terceira divisão em 2013.


 


Outro Flamengo, pelo qual não cultivo a mesma simpatia, nesta quinta-feira, também viveu o drama parecido, mas pela Libertadores da América. Só que – diferente do xará guarulhense – morreu na praia, com um gol marcado por um rival aos 47 do segundo tempo. Em casa, o time carioca fez sua parte e bateu o líder de seu grupo, o Lanus, por 3 a 0. Só que, para seguir adiante, precisava que Olimpia do Paraguai e o equatoriano Emelec empatassem a partida disputada em Assunção.


 


As coisas até que iam bem. Até os 42 da etapa final, o jogo estava 1 a 1, até que o Emelec marcou seu segundo gol. Para alegria dos flamenguistas, aos 46, o Olimpia empatou em dois gols a partida, o que garantiria a classificação do time brasileiro. No Engenhão, no Rio de Janeiro, torcedores e jogadores que aguardavam o final da partida dos adversários, comemoravam a quase improvável classificação à próxima fase. Festa interrompida apenas um minuto depois, quando o Emelec selou sua passagem adiante ao marcar o terceiro gol.


 


De novo, aos 47 minutos do segundo tempo – do jeito que meu Corinthians gosta de resolver as coisas – a emoção falou alto neste esporte que, tirando as papagaiadas das torcidas uniformizadas, sempre mexe com meu coração. Mas que ficou um dedinho de satisfação ao ver jogadores como Ronaldinho Gaúcho e Wagner Love – que se acham muito mais do que são – frustrados, ahhh, isso não negarei nunca… O futebol e suas caixinhas de surpresas.


 


Ernesto Zanon


Jornalista, diretor de Redação do Grupo Mídia Guarulhos, escreve neste espaço na edição de sábado e domingo


No Twitter: @ZanonJr

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