O Brasil já espera por mais de sete anos pelo julgamento do que parece ter sido o maior escândalo de corrupção nos dois governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ficou conhecido por Mensalão, por supostamente integrar uma rede de tráfico de influências que previa o pagamento de mesadas a parlamentares dos mais diversos partidos ligados à base do Governo. Manobras jurídicas e a própria lentidão da Justiça, aliadas a pressões políticas, fizeram com que o julgamento dos envolvidos, que incluem dois nomes do alto escalão do PT, o ex-ministro Jose Dirceu e o ex-deputado José Genoíno, fosse sempre postergada. Pela força dos envolvidos, já se chegou a cogitar que a demora tinha como principal objetivo a prescrição dos crimes e – consequente – arquivamento do caso.
Pois bem, finalmente neste ano, o Judiciário anuncia que está pronto para julgar os envolvidos no Mensalão. Quando tudo caminha para a finalização do processo, que – em tese – deveria servir aos interesses do PT, que insiste na tese da inocência de seus dirigentes, que tudo não passa de denúncias fantasiosas – justamente integrantes do partido, sob a batuta do ex-presidente Lula se lançaram numa ofensiva para aumentar a pressão sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal. Eles defendem que o julgamento não deve ser político, mas uma análise técnica das provas que fazem parte do processo.
O medo dos petistas é de que os ministros do tribunal sucumbam a pressões da opinião pública em ano eleitoral. Preferem levar para frente o julgamento. Uma condenação agora serviria como importante combustível para os partidos de Oposição nas disputas das prefeituras por todo o país. Uma derrota do PT em 2012 poderia, inclusive, frustrar os planos para 2014.
Óbvio que o julgamento não pode e não deve ter conotação política. Precisa, como todos os processos, tem uma análise técnica. Se o PT tem tanta certeza da inocência de Dirceu, Genoíno e companhia, tem mais é que defender o rápido julgamento. Somente assim passará à opinião pública a imagem de lisura tão presente em seu discuros, mas aparecentemente, diante de pressões como essas, longe das práticas. Julgar o Mensalão já é fundamental para o país.