Opinião

Um sindicato que não pode ser levado a sério


Enrtrevista publicada nesta edição com o apresentador Marco Luque, um dos titulares da bancada do programa CQC, da TV Band, que fará uma apresentadação nesta noite a convidados do Grupo MG Com, revela que o humor no Brasil não pode ser levado tão a sério. A afirmação coincide com algo até pouco tempo inimaginável. O Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal solicitou ao Itamaraty que não permita mais o credenciamento dos profissionais do programa humorístico e jornalístico em eventos oficiais. É um órgão de classe, que – em tese – representa os jornalistas profissionais, defendendo a restrição à liberdade de imprensa.


Na semana passada, o repórter Maurício Meirelles tentou de várias formas chamar a atenção da secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, que participava de evento oficial em Brasília. Acabou, contudo, irritando outros jornalistas presentes e, por pouco, a confusão não terminou em pancadaria contra o humorista e a equipe do “CQC”. Na segunda-feira, o apresnetador Marcelo Tas, ao vivo, no programa, contra-atacou: “Será que é hora de jornalistas pensarem em restringir a liberdade de imprensa?”, disse.


Realmente não é. Não só os jornalistas mas toda a sociedade deve lutar pela liberdade de imprensa. Não se justifica, em nome de uma pseuda ordem, querer que os jornalistas do CQC – ou de qualquer outro programa – sejam colocados de lado de forma oficial. O Congresso Nacional já tentou evitar a entrada dos “homens de preto” e acabou voltando atrás ao perceber que o cerceamento teve uma repercussão muito pior. Soa lamentável que um sindicato adote esta postura, mesmo que seja em defesa de outros profissionais que estão em um evento para uma cobertura dita séria.


Sem contrapor a seriedade necessária na cobertura de fatos importantes para o país e para o mundo, mas atitudes sisudas como essas só atrapalham a vida em democracia. Há espaços para todos. Se os repórteres do CQC se excederem e vierem a produzir um programa de péssima qualidade, o que não é o caso, cabe aos telespectadores – pela liberdade que têm – mudarem de canal. Ou melhor, assim como o humor, há um sindicato que nbão deve – definitivamente – ser levado a sério.

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