Nenhum governo sério deveria comemorar a arrecadação recorde de impostos, ainda mais quando – em países como o Brasil – os números se justificam pela altíssima carga tributária que penaliza os cidadãos. Porém, a administração federal solta rojões para anunciar que os brasileiros pagaram R$ 256,8 bilhões em tributos federais no primeiro trimestre do ano. Isso significa um crescimento de 7,3% no período, já descontada toda a inflação destes três meses. Para piorar a análise, leve-se em consideração que a base de comparação é muito elevada. Só em março foram recolhidos R$ 82,4 bilhões à Receita Federal. Parece incrível, mas o governo federal comemora: é “o melhor resultado para o primeiro trimestre da história”. Lamentável. Afinal, na outra ponta há um cidadão que paga cada vez mais e – infelizmente – percebe cada vez menos qualidade nos serviços que o poder público lhe presta. Pelo andar da carruagem, já é possível prever que o Brasil deve fechar 2012 com mais de R$ 1,1 trilhão em tributos nos cofres públicos. Para que o contribuinte tenha uma noção do que tantos números significam, basta dizer que essa arrecadação corresponde a R$ 2,8 bilhões em cada dia do ano. Isto considerando apenas os tributos federais: quando se leva em conta todos impostos, taxas e contribuições pagas também a estados e municípios, o valor chega a perto de R$ 4 bilhões diários, conforme o Impostômetro, um medidor criado e mantido pela Associação Comercial de São Paulo. Pelo que se percebe, a crise econômica que atinge principalmente a indústria nacional e o comércio passa longe da administração federal, que consegue aumentar seu “faturamento” sem oferecer as contrapartidas necessárias a quem mais interessa e necessita: a população brasileira que tem confiscados os impostos todas as vezes que faz qualquer movimentação financeira, por mais simples que seja. Como se tudo isso não significasse muita coisa, recentemente, a equipe econômica anunciou um pacote de bondades ao setor produtivo, oferecendo um alívio fiscal que comprometerá R$ 3,1 bilhões da arrecadação. Ou seja, menos do que um dia da arrecadação. Ou seja, há muita gordura a ser queimada pelo bem do Brasil.