As medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, na noite de segunda-feira, causaram sentimento de certo alívio ao setor automotivo, que vinha tendo as vendas prejudicadas nos últimos meses, em decorrência de certa paralisação da economia. A queda nas alíquotas de IPI para os automóveis, acompanhada da diminuição das taxas de juros, já em marcha, e estímulo aos bancos para a concessão de empréstimos, deve ajudar principalmente na liberação de financiamentos a quem busca a compra, principalmente de carros zero quilômetro. Mesmo assim, há certa desconfiança se as medidas terão efeito prático, já que – em vez de serem mais amplas e atingirem outros setores produtivos – limitam-se apenas à indústria automobilística. Não se sabe ainda, até que ponto as instituições financeiras, rescaldadas que estão pelos altos índices de inadimplência, afrouxarão as regras para a concessão de financiamentos. Em 2008, quando o governo federal adotou medidas parecidas, houve uma boa reação da economia, nos primeiros meses, já que os preços finais dos carros chegaram a baixar. Espera-se, entretanto, que o possível aumento no consumo não sirva como pretexto para a manutenção de preços em alta. Os estoques dos fabricantes precisam ser esvaziados. Vale ressaltar, entretanto, que o cenário econômico atual é diferente daquele vivido entre 2008 e 2009, quando havia uma dose elevada de consumo reprimido, o que já não ocorre mais. As medidas de agora ignoram, por exemplo, os altos índices de inadimplência, fator que fez com que as instituições financeiras freiassem a concessão de novos financiamentos. Difícil acreditrar que as regras serão afrouxadam no momento em que se pena para receber dívidas acumuladas pelos consumidores. Não basta apenas estimular as vendas. Precisa criar formas para que o consumidor honre com esses pagamentos.