O DOCTV Latinoamérica II deste sábado, 28, reabre uma ferida que, assim como no Brasil, por muito tempo enervou os sentimentos políticos da população argentina: a ditadura militar. Misto de História e entrelaçamento de narrativas pessoais, o documentário Memória de uma carta perdida, que vai ao ar à 0h30 na TV Cultura, encosta no corte e faz esse trabalho denso de imersão a um passado caliginoso.
O vídeo é uma viagem no tempo, da década de 1970 até os dias de hoje. E quem guia são cinco mulheres – uma delas a própria documentarista, Cristina Raschia. Entre 1975 e 1979 elas chegaram a compartilhar agruras e dividir espaço em alguns presídios da Argentina.
Quase 25 anos depois, um fato as coloca em uma situação que potencializa a dramaticidade do documentário: a descoberta de uma carta de memórias, que já era dada como perdida em 1983, escrita por uma ex-companheira de cativeiro que se suicidou em Paris. Juntas, elas comentam os escritos e relembram momentos de convivência com a colega.
Memória de uma carta perdida é um retrato de sobreviventes que, embora marcado por cicatrizes, hoje muito tem a ver com as palavras do poeta turco Nazim Hikmet: "nada é mais belo, mais certo que a vida".
A segunda edição do projeto que reapresenta o continente latinoamericano sob a ótica de personagens singulares e provocativos é ancorado nacionalmente pela Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, TV Cultura e TV Brasil. No âmbito internacional, estão envolvidas instituições governamentais e 18 TVs públicas dos países conveniados – Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Chile, Equador, México, Panamá, Peru, Porto Rico, Uruguai e Venezuela.