Uma das características da distribuição de energia elétrica no Brasil é que, dependendo da região, as residências podem receber a eletricidade com tensão de 110V, 220V ou unindo essas duas opções, sendo chamado de sistema monofásico ou bifásico. De forma geral, no que tange ao desempenho das instalações, não há diferenças significativas para o usuário entre as três alternativas.
Entretanto, o consumidor deve ficar atento à tensão elétrica dos seus aparelhos, uma vez que equipamentos de 110V ligados em circuitos de 220V queimam. O alerta é da Sil, fabricante de fios e cabos destinados às instalações elétricas.
Segundo a empresa, é preciso considerar a tensão da instalação para escolher os fios e cabos mais adequados. E, nesse caso, além de segurança, pode-se obter economia com os materiais através de um projeto bem dimensionado e uma instalação bem-feita, em conformidade com a NBR 5410:2000 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão.
Para a instalação de produtos que consomem mais energia, como chuveiros, secadoras e aparelhos de ar condicionado, os circuitos de 220V permitem a utilização de condutores com seção nominal (bitola) menor em relação aos de 110V. Isso em função da corrente elétrica, que é maior em instalações de 110V. "Quanto mais elevada a corrente, mais grosso precisa ser o cabo. Num chuveiro com 4.500W de potência instalado num circuito de 110V, por exemplo, utiliza-se um condutor de 6mm², enquanto que o mesmo equipamento em 220V utiliza um de 4mm². E quanto maior a bitola, maior será o preço do condutor", explica Nelson Volyk, gerente de engenharia e qualidade da Sil.
Mitos – Um dos mitos criados em torno das instalações de 220V é que elas possibilitariam economizar energia durante o consumo. Mas, na prática, isso não ocorre. "O consumo de energia é o mesmo tanto em 110V quanto em 220V, pois ele é dado pela potência elétrica (Watts) dos aparelhos que estão ligados na instalação e não pela tensão (Volts). Um aquecedor de 1.500W registrará o mesmo nível de consumo numa instalação de 110V ou de 220V", observa Nelson Volyk.
Outra confusão comum por parte do usuário leigo é imaginar que o choque em 220V seria mais perigoso que o em 110V. Nos dois casos o choque é perigoso e pode ser fatal. Para evitar problemas, recomenda-se seguir a todas as determinações da norma NBR 5410, que especifica a utilização de dispositivos de proteção – disjuntores para as instalações e o dispositivo diferencial residual (DR) para segurança das pessoas.
Fios e cabos não possuem diferenças construtivas
Importante destacar, segundo a Sil, é que não há diferenças construtivas entre os fios e cabos destinados às instalações em 110 ou 220V. Os condutores são os mesmos e eles são fabricados para suportar tensões elétricas maiores que as utilizadas, por exemplo, nos condutores elétricos isolados usados em instalações fixas, que suportam até 750V entre as fases.
Outra informação importante sobre os eletrodutos utilizados nas instalações, que devem ser produzidos com matéria-prima que não propaga chamas e são embutidos nas paredes para a passagem dos condutores elétricos: ocorre que a norma NBR 5410 determina um limite de ocupação da área interna desses eletrodutos. Consequentemente, se todos os aparelhos de maior consumo forem 110V, os condutores terão seção nominal maior e será necessária uma quantidade maior de eletrodutos para a sua passagem. Ou seja, haverá aumento nos custos.