O presidente da MasterCard, Gilberto Caldart, começou cedo no mercado financeiro brasileiro. Tudo teve início ainda na infância, quando atendia por trás do balcão nos comércios da família. Aos 20 anos, passou a trabalhar nas áreas comercial e de distribuição da empresa Perdigão, no Rio Grande do Sul. Aos 27, era uma das principais lideranças do Citibank e, em 2008, assumiu a rede de cartões de crédito e de débito.
Nesta entrevista em parceria com o Programa RB & Você do apresentador Rodrigo Barros, Caldart conta detalhes de sua carreira de sucesso e o que fazer para ser um grande líder.
– Desde cedo, você assumiu cargos de liderança neste concorrido mercado executivo. Existe alguma estratégia para isso?
CALDART – Não tem estratégia, não tem planejamento. O que tem são as coisas que você gosta. Eu sempre gostei de empreender, ter responsabilidade, de fazer as coisas acontecerem. Eu sempre fui muito determinado, mas não necessariamente buscando cargos. Sempre busquei fazer bem e melhor que os outros.
– Como teve início a sua carreira de sucesso?
CALDART – Bem, comecei com minha família que viveu no mundo do comércio, e desde pequeno eu sempre estive atrás do balcão. Desde cedo sempre gostei do mundo dos negócios. Paralela às faculdades – eu cursei Administração de Empresas e Ciências Contábeis, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – me envolvi com o Grupo Perdigão e passei a fazer as áreas comercial e de distribuição da empresa no Rio Grande do Sul. Eu tinha na época 20 anos.
– E quando o Citibank entrou em sua vida?
CALDART – Paralelo a esse processo, quando eu estava me formando, ingressei no programa training do Citibank e começou minha exposição ao mundo do mercado financeiro; tinha entre 21 e 22 anos.
– Aos 27 anos, você já liderava pessoas com muito mais experiência no mercado. Qual era o desafio?
CALDART – Era como lidar com as pessoas. Primeiro porque eu deixei de ser par e passei a ser gestor. Como você mobiliza as pessoas? Como traça uma estratégia? Estes são desafios, sejam na presidência de uma companhia, seja na gestão de uma área. Não verdade são coisas muito parecidas, obviamente você amplia o escopo na medida que vai crescendo; mas o escopo de se gerenciar uma região ou gerenciar um país é muito parecido.
– Teve um momento em sua carreira, que você assumiu interinamente o Citibank e a instituição o levou para os Estados Unidos. O que essa sua saída do Brasil significou?
CALDART – Ir para os EUA, conviver com outras pessoas, com outra cultura, conhecer outros tipos de motivações, aprender diferentes mercados foram um grande divisor de águas no ponto de vista do meu desenvolvimento profissional.
– O que você trouxe de experiência para o Brasil?
CALDART – Foram três anos de experiência que englobaram tudo, desde o momento que você passa a lidar com o consumidor e na relação com o mercado financeiro.
– Quando você assume uma empresa, um cargo, quanto tempo leva para, de fato, você conhecer aquela posição?
CALDART – Depende muito do nível de envolvimento que você tem com a posição. Claro que, normalmente, leva um tempo para você entender, que acho que seja, geralmente, entre três meses e seis meses. Mas, conhecer as pessoas, conhecer o processo da companhia onde você chegou, conhecer a estratégia, conhecer a própria cultura, são metas a serem cumpridas e requerem algum tempo.
– Mas dá para se tomar decisões antes desse período?
CALDART – Há o clássico dos 100 dias. Obviamente, você toma decisões para que a companhia ande. Mas para as grandes decisões, as decisões de modificações, é necessário ter um período de observação para conhecer as pessoas, entender a companhia.
– Em 2008, você assumiu a MasterCard. Com foi sua chegada?
CALDART – Na MasterCard é uma experiência diferente, primeiro por ser ela uma empresa detentora do esquema de meios de pagamentos, da franqueadora, da bandeira como é comumente conhecida no mercado. É um modelo de negócios diferente e foi um aprendizado novo. O mundo dos meios de pagamentos, em especial de cartões de crédito e débito, é composto de muitos componentes – você tem as instituições emissores de cartões, que são franqueadas na MasterCard para as essas emissões; tem as instituições que se relacionam com o varejo, os varejistas e os consumidores. E a bandeira está aí, no meio, orquestrando esse esquema, gerando o equilíbrio nesses dois lados.
– Como se orquestra este trabalho?
CALDART –A MasterCard é uma empresa de meios de pagamentos que caminha muito na direção de uma empresa de tecnologia, pois fazemos o processamento das transações, prestamos consultorias, além de atuarmos nas questões de marcas e interação de um sistema como um todo. E o trabalho é também trazer para este mundo de pagamentos eletrônicos as transações que estão fora dele. Hoje no Brasil, 25% do consumo das famílias são feitos por meio de cartões de crédito ou débito e 75% são de outros instrumentos; a grande maioria é por meio do dinheiro
– Qual o número de cartões hoje da MasterCard no mundo?
CALDART – Tem ao redor de 1,8 bilhões de cartões.
– O que isso representa em número de transações?
CALDART – Significa 34 bilhões de transações processadas. Isso dá um volume financeiro de 3,2 trilhões de dólares movimentados por meio do sistema.