Os números que envolvem os 60 anos de carreira artística de Cauby Peixoto são impressionantes. Desde 1951 quando começou a cantar, Cauby gravou 61 discos de 78 rotações, seis elepês de 10 polegadas, 51 elepês de 12 polegadas, 25 compactos simples, 45 compactos RPM, 19 compactos duplos, 32 fitas K7 e mais de 20 CDs.
Esta semana, aos 81 anos, o astro foi recebeu um prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) pelo lançamento, em 2011, da caixa Cauby Peixoto, O Mito – 60 anos de música com três CDs – A Voz do Violão, Caubeatles e Cauby ao vivo (R$ 69,00 – Lua Music).
Chamado de o Elvis Presley brasileiro, por ter sido um dos primeiros artistas do Brasil a gravar um rock, Cauby canta há nove anos no Bar Brahma, na esquina mais famosa de São Paulo (das avenidas Ipiranga e São João) e, a cada apresentação, aumenta a sua legião de fãs de todas as idades. À Revista Free São Paulo resumiu os 60 anos de carreira: "Só estou completamente feliz quando estou no palco cantando".
– Você tem consciência do que representa para a nossa música? Do que é ser um mito para o País?
CAUBY – Pois é, dizem que sou mito! Se realmente sou, é um titulo que muito me envaidece e também uma grande responsabilidade.
– Aos 81 anos, com mais de 60 de carreira, você continua gravando, fazendo inúmeros shows, ou seja continua trabalhando no dia-a-dia. De onde vem toda essa força?
CAUBY – Do gostar do que faz. Vivo para música e para cantar. Só estou completamente feliz quando estou no palco cantando. Isso me satisfaz profundamente, me dá forças para viver.
– Não beber, não fumar e não falar alto são mesmo os segredos para manter a voz não bela e vibrante?
CAUBY – Minha voz é meu instrumento e é por isso que não bebo, não fumo e não falo alto. Nunca me descuido.
– Do que se lembra de mais marcante no início de sua carreira na década de 1950?
CAUBY – Eu cantava escondido atrás das colunas que tinham na boate que meu irmão tocava porque era menor de idade, até que fui apresentado para a Heleninha Costa ,uma cantora, e através dela o DiVeras , meu padrinho musical e empresário por muito tempo, me descobriu e disse que iria me fazer o maior cantor do País.
– Está em ebulição o que os críticos chamam de "a nova MPB" ou "moderna MPB", com cantores como Maria Gadu, Ana Carolina, Céu, Pedro Camargo Mariano, entre outros. Você vem acompanhando esse movimento?
CAUBY – Todos têm boa voz e cantam bem para o estilo deles. Estamos atravessando um "modismo" na área musical que não sei quanto tempo irá durar. A MPB não existe nova ou velha MPB. Existe música boa ou não.
– A mídia vem abrindo suas portas para esses cantores, deixando de lado muitos artistas consagrados. Você em algum momento se sentiu injustiçado pela imprensa?
CAUBY – De forma nenhuma! Cada um tem seu estilo e maneira de cantar. Nunca fui injustiçado pela imprensa. Pelo contrário, sempre fui e sou muito assediado e solicitado, seja pela imprensa escrita, falada, televisiva etc. Gosto da imprensa.
– O que você costuma escutar quando está em casa?
CAUBY – Eu me ouço muito. É para corrigir o que não gostei e melhorar cada vez mais. Sempre se pode fazer melhor. Sou muito autocrítico.
– Seu público, no Bar Brahma, onde você se apresenta todas as segundas-feiras, é formado por muitos jovens. Como é conquistar e manter uma nova geração de fãs, tendo como concorrente a internet que, a todo instante, faz surgir "celebridades" com trabalhos musicais que, muitas vezes, agridem nossos ouvidos?
CAUBY – É muito gratificando conquistar e ter conquistado este público jovem. Isto é sinal de que gosta de música boa. Quando se faz bem ao que se propõe, não existe concorrência. O público é exigente e entende de qualidade, haja vista que tenho 60 anos de carreira e continuo conquistando fãs. Isso é muito bom!
– Cauby Peixoto gosta e acompanha a política?
CAUBY – Não acompanho política. Meu negócio é música, é cantar.
– O que mais o deixa irritado?
CAUBY – Quando interrompem meu sono. Mais isso raramente acontece.
– Você é uma pessoa realizada ou ainda tem o que conquistar?
CAUBY – Pode-se dizer que sou realizado, porém, quando achamos que conquistamos tudo, estacionamos. Não é o meu caso.
– Qual foi o momento mais marcante de sua vida?
CAUBY – Muitos momentos foram importantes e marcantes, como o recebimento do premio Grammy Latino, em 2007, e o The Latin Reconding Academy no ano passado. Esta semana estou recebendo o APCA. Enfim, é difícil citar o momento mais marcante, foram muitos e todos têm a sua importância.