Ela só tem 20 anos, mas a potência de sua voz nos faz lembrar as grandes divas negras da Soul Music. Com talento já reconhecido pelos críticos, a cantora paulistana Nathalie Alvim está se preparando para lançar, no final de junho, seu primeiro CD Rockin Soul, em gravação pela 2Next. Não é à toa que este trabalho tem uma certa inspiração da cantora americana Aretha Franklin.
A própria Nathalie pode ser considerada a "nossa" Aretha. "Ainda acho um pouco equivocada essa comparação", disse à reportagem. Humildade à parte, a verdade é que Nathalie vem se firmando como uma das poucas intérpretes de soul no Brasil. Canta com uma segurança de causar inveja a quem está na estrada da música há anos.
Nas noites paulistanas, ela se apresenta em casas noturnas como Clube A e The Orleans, aumentando – a cada apresentação – a sua legião de fás. Enquanto o CD não sai, vamos conhecer um pouco da "Aretha Franklin brasileira".
Quando aconteceu seu primeiro contato com a música?
NATHALIE – Comecei ouvindo música com meus pais. Minha primeira aula de piano aconteceu aos oito anos de idade. A partir daí, não parei mais.
E quando descobriu que tinha um encantador vozeirão?
NATHALIE – Nas aulas de piano. Comecei a cantar para fazer acompanhamento e achei que tinha potencial, aí iniciei aulas de canto.Não é muita voz para um corpo aparentemente frágil?
NATHALIE – Hahahaha… Eu não acho, mas é o que dizem…O que costumava escutar quando estava em casa?
NATHALIE – Aretha, Celine Dion, Mariah Carey, entre tantas outras.Quando a cantora americana Aretha Franklin entrou, de fato, em sua vida?
NATHALIE – Não lembro exatamente, foi na adolescência… assistindo seus DVDs… acho que foi minha mãe quem me apresentou. Mas, de certa forma, ela sempre esteve presente!
Aliás, seu primeiro CD é bastante inspirado em Aretha Franklin. É uma forma de homenageá-la ou ela foi simplesmente escolhida para mostrar o seu talento musical para o Brasil?
NATHALIE – Na verdade foi inspirado na Soul Music, não diretamente na Aretha Franklin. É o que eu gosto de cantar.
O trabalho está ficando muito bom.Mas há mercado e público para o soul no Brasil?
NATHALIE – Hummm… Não sei, vamos ver. Pode não ser o mais comercial, mas acredito que muita gente goste deste estilo musical. Em primeiro lugar penso em fazer algo de qualidade, algo que as pessoas gostem e se identifiquem. O lado comercial fica em segundo plano.
Apesar da pouca idade, como veio a maturidade para interpretar não só Aretha Franklin mas os grandes clássicos do soul?
NATHALIE – Com o tempo, prática, experiência e sensibilidade para conseguir interpretar o que você está cantando.
Você também compõe?
NATHALIE – Estou começando.
O soul em inglês é mais forte que em português ou isso não passa de um mito?
NATHALIE – Acho que não é mito, é que há muito mais cantores fazendo em inglês, não que não possamos fazer em português. Mas acho o inglês mais forte para este estilo.
O que você está levando para o disco da experiência de cantar em casas noturnas elitizadas, como Clube A e The Orleans?
NATHALIE – Nada. Meu disco não é "elitizado" e nem virado só para este público. Gosto de cantar e vou onde tem público para isso. Fiz recentemente uma feira gratuita na Pompéia e foi sensacional. Todo mundo cantou e era um evento gratuito.
Os críticos dizem que você tem uma voz de negra. A alma também é negra?
NATHALIE – (Risos) Não acho que nem a voz e nem a alma estejam ligadas a nossa cor, mas levo isso como uma forma de elogiarem a minha voz. Temos grandes divas de todas as cores!
Qual sua opinião sobre a atual música brasileira?
NATHALIE – Eu acho que tem muita coisa sem conceito, independente de eu gostar ou não do estilo. A mídia mostra o que vende. Mas temos coisas boas, que não aparece tanto na mídia.
Quando um hit do tipo "Ai Se Eu Te Pego", cantado por Michel Teló, estoura no Brasil e ultrapassa as fronteiras, você em algum momento fica preocupada com o futuro de nossa música e do gosto musical da população?
NATHALIE – Fico, né? Não dá pra mentir. Mas tem que ter outros gostos musicais, precisamos respeitar.
Você está vindo para o mercado com uma equipe de peso. Por exemplo, o seu baterista Manguinho Alcântara já trabalhou com George Benson e Chuck Berry. O soul no Brasil requer gente de primeira linha?
NATHALIE – Não só o soul, mas qualquer estilo musical deveria precisar de gente de primeira linha. Eu vou sempre buscar o melhor para o trabalho.
O que acha de ser considerada a "Aretha Franklin brasileira"?
NATHALIE – Ainda acho um pouco equivocada essa comparação. Ela é uma grande cantora e tem uma historia na música. Eu estou começando a construir minha carreira. Mas fico feliz porque sei que dizem isso como uma forma de elogio.