Antonio Banderas foi gay em filmes de Pedro Almodóvar, amante latino e herói de ação em produções de Hollywood. Poucos atores fazem essa passagem com tanta desenvoltura. É verdade que o público sempre soube que ele estava atuando. Para compensar o gay ensandecido de Labirinto de Paixões – o próprio Almodóvar aparecia travestido, e de meia arrastão, no filme -, Banderas sempre cultivou a imagem de homem de família. E foi casado com um objeto de desejo como Melanie Griffiths, que depois arruinou a sua cara (e carreira), botocando-se demais, mas essa é outra história.
Ele tinha 22 anos quando fez Labirinto de Paixões, em 1982. Nasceu em 1960, o que significa que está com 54 anos. Seguiu trabalhando com Almodóvar em O Matador, Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos, Áta-me!, A Pele Que Habito. A ambivalência sexual persistiu nos primeiros filmes destacados em Hollywood – Filadélfia, de Jonathan Demme, e Entrevista com o Vampiro, de Neil Jordan. Os heróis de ação nem sempre deram certo – O 13.º Guerreiro foi um fiasco, apesar da direção do grande John McTiernan. Saiu-se melhor com as séries Zorro e Pequenos Espiões.
Foi para a cama com Madonna (naquele documentário) e disse eu te amo numa comédia de Woody Allen. Deu voz ao gato de botas. Embora irregular, com (grandes) altos e (alguns) baixos, a trajetória de Antonio Banderas fez dele o astro espanhol de maior projeção no mundo. E Banderas, que já dividiu a cena com Sylvester Stallone em Os Assassinos (de Richard Donner), parodia a própria imagem em outra fantasia de ação de Sly (Os Mercenários 3). Depois de 18 anos de casamento, a separação de Melanie foi litigiosa. O amor, quando termina, pode ser cruel.
Na fase rósea, Banderas virou diretor para oferecer à então mulher um belíssimo papel – em Loucos do Alabama, de 1999. Em 2006, dirigiu também El Camino de los Ingleses, com Victoria Abril, sobre as transformações ocorridas na Espanha dos anos 1970 – a famosa movida, na qual surgiram Almodóvar (e ele). Banderas já foi indicado para muitos prêmios – Goya, Globo de Ouro, MTV Award. Ganhou o último como mais gostoso por A Balada do Pistoleiro, em 1995. Tem uma marca de perfumes com seu nome. Um Banderas, garante a propaganda, é tiro e queda para inebriar aquela (aquele?) a quem você deseja.