Mesmo com um recorte de tempo limitado – com obras realizadas entre o 60º aniversário de Turner e sua morte, em 1851 -, a mostra Late Turner – Painting Set Free traça um panorama bastante vasto das questões que mobilizaram o pintor ao longo da vida e que, de certa forma, se intensificaram em sua fase madura, reunindo quase duas centenas de pinturas, desenhos e esboços.
Lá estão presentes diversos subtemas, como a importância das viagens, a presença das narrativas clássicas e dos mitos, a capacidade inesgotável de experimentar novas técnicas e formas de pintar e o interesse crescente pelas marinhas – ao ponto de dizerem que ele teria se amarrado a um mastro de navio para ver como era uma tempestade de verdade. Mas o principal foco de interesse, que parece costurar todos esses segmentos, é o anseio por sublinhar a notável capacidade do artista de condensar, num mesmo e intenso processo, um profundo interesse pelos temas históricos e míticos com uma observação arguta, atenta e dramática do mundo moderno. Obras em destaque, como Rain, Steam and Speed (1844), uma impactante e inovadora representação visual da sensação de movimento (ao ponto de Constable ironizar dizendo que ele usava fumaça tingida ao invés de tinta), são exemplos precisos dessa atitude de confronto entre o progresso e a natureza. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.