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Tadeu Chiarelli diz que Pinacoteca mantém projetos

O atual diretor técnico da Pinacoteca do Estado, Ivo Mesquita, negou que sua saída do cargo, que será ocupado pelo professor e crítico Tadeu Chiarelli a partir de fevereiro, tenha sido provocada por uma decisão do conselho administrativo da instituição, presidido pelo colecionador e banqueiro José Olympio Pereira. “Coloquei meu cargo à disposição, após a reforma que instituiu o cargo de superintendente, para seguir novos caminhos como curador”, disse. “Isso não tem nada a ver com uma intransigência minha em diminuir o orçamento do museu para o próximo ano, como chegou a ser veiculado”, concluiu Mesquita, que tem ainda dois projetos curatoriais vinculados à Pinacoteca, entre eles uma mostra com o acervo da Fundação Helga de Alvear, uma das mais sólidas instituições espanholas, e do artista cubano Carlos Garaicoa.

Mesquita trabalha há 12 anos na Pinacoteca. Assumiu primeiro o cargo de curador do octógono, de 2003 a 2006, depois o de curador-chefe e, desde 2012, é o diretor técnico da instituição, quando substituiu o atual secretário de Estado da Cultura, Marcelo Mattos Araújo. Com a sua saída, o novo cargo de superintendente será ocupado por Chiarelli, que vai contar com a assistência do diretor financeiro Marcelo Dantas, em substituição a Miguel Gutierrez, que assumiu o mesmo cargo no Museu de Arte de São Paulo (Masp). O diretor de relações institucionais permanece o mesmo, Paulo Vicelli.

Durante a gestão de Mesquita, foram realizadas importantes mostras internacionais, entre elas das de Giacometti (2012), William Kentridge (2013) e, mais recentemente, a da artista brasileira de origem suíça Mira Schendel, que veio da Tate Modern de Londres. Com a instituição inglesa, a Pinacoteca firmou um acordo nas áreas técnica, educacional e expositiva. Para 2016, está prevista, segundo Mesquita, uma grande mostra da inglesa Bridget Riley, pioneira da op art londrina com grande reputação entre os críticos. Ainda este ano, a partir de 20 de novembro, o público paulistano poderá ver a mostra do escultor australiano Ron Mueck, que atraiu milhares de visitantes ao MAM do Rio. Entre as obras estão três esculturas recentes e inéditas (Mueck trabalha o corpo humano em grandes dimensões).

Para trazer exposições como essa, entre as 20 que realiza por ano, a Pinacoteca necessita uma verba superior aos R$ 35 milhões do seu orçamento anual, parte dele (R$ 12 milhões) destinado às mostras. A estrutura da instituição cresceu durante a gestão de Marcelo Araújo, atual secretário de Estado da Cultura, de quem Ivo Mesquita foi o braço direito durante os dez anos (de 2002 a 2012) em que Araújo esteve à frente dela. Foi justamente em 2002 que a gestão do museu foi transferida para a Associação Pinacoteca Arte e Cultura (Apac), cujo conselho de administração está a cargo do colecionador José Olympio Pereira. Ele agradeceu a contribuição de Mesquita por esses 12 anos na Pinacoteca, afirmando que “sua marca ficará registrada na história deste museu”.

O professor Tadeu Chiarelli, atual presidente do Conselho de Orientação Artística da Pinacoteca, órgão consultivo da Secretaria de Cultura do Estado, garantiu que vai dar continuidade aos projetos de exposição desenvolvidos durante a gestão de Mesquita, entre os quais estão incluídas retrospectivas de Nelson Felix, Nuno Ramos e José Resende. Chiarelli, que deixou este ano a direção do Museu de Arte Contemporânea (MAC), diz estar contente pela oportunidade de trabalhar com antigos colaboradores e orientados, hoje funcionários da Pinacoteca.

O novo superintendente ainda não comunicou sua decisão de aceitar o cargo na Pinacoteca à Universidade de São Paulo (USP), onde é professor. “Isso não significa abandonar a universidade”, garantiu, definindo como “irrecusável” o convite feito pela Apac, com apoio do secretário Marcelo Araújo. Chiarelli tem larga experiência como diretor de museus. Esteve à frente do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) de 1996 a 2000 e do Museu de Arte Contemporânea da (MAC/USP) entre 2010 e 2014. “Ainda estou sob o efeito da saída do MAC, que foi uma experiência intensa e muito trabalhosa”, admitiu Chiarelli.

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