Variedades

Programação literária reúne artistas em livraria

Com o mote “Crie Futuros”, o projeto Vira Cultura, evento promovido pela Livraria Cultura, volta ao Conjunto Nacional neste fim de semana, entre sábado, 8, e domingo, 9.

A livraria promete uma programação gratuita e variada por 28 horas seguidas. Dividido entre oito “pilares”, da literatura ao cinema, passando pela música e pelo teatro, o espaço sedia pocket shows, debates, sessões de autógrafos, exposições, exibições de filmes, entre outras atividades – incluindo um desfile de cosplayers. Como preparação, durante esta semana, cadernos ficaram disponíveis na livraria para pessoas anotarem ideias para o futuro: o resultado será analisado e discutido pela consultora da ONU, Lála Deheinzelin.

Às 15h de amanhã, o grupo Chorus Brasil inicia a programação do Vira Cultura com suas versões particulares de clássicos do pop – logo em seguida, Ney Matogrosso conversa com o cineasta Joel Pizzini sobre o filme Olho Nu.

Também no espaço principal da livraria, o diretor português Miguel Gonçalves Mendes (de José e Pilar) divide uma mesa com o escritor angolano Valter Hugo Mãe e com a cartunista Laerte Coutinho (que escolheu o artigo feminino), depois de uma exibição de um trecho do novo projeto do diretor: O Sentido da Vida. O filme, em produção, pretende acompanhar um homem portador de paramiloidose, síndrome genética rara transportada à América pelos portugueses ainda na época dos descobrimentos, pelo mesmo trajeto que a doença percorreu (Portugal, Brasil, Índia).

No site do projeto, Mendes afirma o que o título sugere: o filme quer encontrar o sentido de tudo por aqui. Para isso, além desse personagem central, o documentário também retrata o cotidiano de sete personalidades que o diretor chama de “heróis da contemporaneidade”, entre eles, Valter Hugo Mãe, “arquétipo do escritor”. Amanhã, às 21h30, os três conversam e exibem um trecho do filme em que Mãe conversa com Laerte em um restaurante em São Paulo, sobre “o amor, a vida e a morte”.

Contatado pela reportagem do jornal O Estado de S.Paulo na tarde dessa quinta, 6, Mendes estava reunido com Hugo Mãe e Laerte na Casa de Francisca, uma casa de shows nos Jardins, bairro da capital paulista. Eles gravavam uma cena junto a Giovani Brisoto – herói do filme, escolhido recentemente, de Erechim (RS) – e comemoravam o aniversário de Brisoto, que completou 28 anos nessa quinta. O filme fica pronto em 2017.

Também no sábado, 8, após o bate-papo, Valter Hugo Mãe autografa a edição brasileira de O Paraíso São os Outros, seu livro mais recente e com edição especial da Cosac Naify, com imagens do artista plástico paulistano Nino Cais.
O livro é narrado por uma menina que analisa com “ingenuidade convicta”, segundo Hugo Mãe, os relacionamentos afetivos dos adultos. O romance, explica, é um contraponto à ideia sartriana de que “o inferno são os outros” e foi inspirado pelas imagens de Cais.

“Estava em causa essa problematização do preconceito em relação ao outros, esse estigma que o Sartre deixou, eu sempre pensei o contrário”, diz o escritor. “Acredito que o humano começa no outro”, verbaliza, ilustrando a ideia que perpassa sua obra, especialmente o romance mais recente, A Desumanização.
Ainda durante o sábado, mais cedo, às 19h, três profissionais do mercado editorial independente – João Varella, Bia Bittencourt e Douglas Utescher – conversam sobre esse nicho, com mediação da repórter do Caderno 2 Maria Fernanda Rodrigues.

A partir das 23h, o Teatro Eva Herz, anexo à Livraria, recebe pocket shows de Adriano Cintra, Tiê (1h) e Naná Rizzini (2h). Nessa faixa horária, a banda cover Echoes Pink Floyd (meia-noite) e a Suíte Francesa (3h) tocam no salão principal. A programação musical se encerra no domingo, às 19h, com Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão cantando os sucessos dos Novos Baianos.

A tarde e a noite do domingo recebem diversas mesas sobre literatura e suas relações com outras artes, como teatro e música, com convidados como Xico Sá, Paulo Scott, Ricardo Lísias, Pedro Bandeira, Drauzio Varella e Zeca Camargo.
Com seus 70 anos recém comemorados, o polivalente Nelson Motta conversa com o público às 17h do domingo.

O evento marca o lançamento dos primeiros volumes da obra completa de José Saramago, pela Companhia das Letras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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