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Paul McCartney faz plateia delirar em Cariacica

Paul McCartney apareceu às 21h03, quando as luzes do Estádio Kleber Andrade se apagaram. O Espírito Santo o via pela primeira vez. Uma imagem de impacto com a banda tocando Eight Days A Week. Paul olhou para o público, ameaçou falar algo mas só emendou a canção Save Us, do recente disco New. Veio então com All My Loving depois de dizer que iria falar um pouco de português, mas “mais inglês”. “Obrigado. Finalmente é bom estar aqui”, disse, em português. Paul então ergueu o baixo para o céu, tirou o paletó azul claro, retomou o instrumento e fez a plateia delirar com Let me Roll It.

Seguiu seu espetáculo com algumas alterações com relação à turnê anterior. Fez uma nova versão de Paperback Writer solando uma guitarra Epiphone que apresentou como uma peça preciosa que usou em várias gravações dos anos 60 e disse que queria fazer um tributo a Jimi Hendrix, mas não tocou nenhuma música do guitarrista. Dedicou a bela Valentine à esposa Nancy e fez The Long and Widding Road forçando a voz para chegar nos agudos enquanto o mesmo vídeo com paisagens era projetado no fundo do palco.

Depois de apresentar as novas New, Queenie Eye e Out There, todas do novo álbum, retomou o roteiro da última turnê. Let It be, Hey Jude, Back in the URSS.

Minutos antes do início, as arquibancadas o saudavam com as lanternas dos celulares ligadas em um ato inesperado que levou a aplausos e comoção.

Antes do show, 12 jovens com síndrome de Down e autismo que haviam sido selecionados junto à Apae de Vitória para assistirem à apresentação com seus familiares foram barrados. A produção do evento informou que eles deveriam ter caído em algum golpe, já que não havia nenhuma decisão superior para que entrassem. Mães choravam na grade com seus filhos. “Não acredito nisso, só pode ser um pesadelo”, dizia Vera Lúcia Gáudio, mãe de um garoto com autismo. A presença dos jovens era um pedido do próprio Paul. “Não podemos fazer nada”, disse uma funcionária da produção brasileira.

O primeiro show da turnê Out There no Brasil, a terceira em menos de três anos por aqui, foi o 16º show do beatle no País. Nenhum outro astro com as mesmas proporções, Eric Clapton, Elton John ou Mick Jagger, veio tantas vezes.

A cidade de Cariacica, na Grande Vitória, nunca havia recebido um espetáculo internacional em seu estádio estadual Kleber Andrade. Ainda assim, não houve cenas de perseguição de massas atrás do ídolo desde que Paul chegou a Vitória, na manhã de domingo. Ele ocupou a suíte presidencial do hotel Golden Tulip, na Enseada do Suá, ao preço de R$ 5,6 mil a diária, durante toda a tarde de domingo. Havia pedido lençóis brancos, sem estampas, e um piano no quarto possivelmente para seguir compondo músicas que estarão na trilha sonora de uma animação infantil chamada High in the Clouds, que foi adaptada do livro homônimo e será dirigida no cinema por Rob Minkoff, o mesmo de O Rei Leão.

Paul usou a academia de ginástica do hotel, com os vidros devidamente cobertos por folhas de cartolina, ao lado de sua mulher Nancy Shevell, e só deixou o local à noite para jantar com Nancy e sua equipe no restaurante Soeta, na Praia do Canto. As palavras em português e as gírias do “capixabês” que disse durante o show foram aprendidas com um professor particular.

Paul segue agora para o Rio, onde se apresenta nesta quarta-feira, 12, no HSBC Arena. No domingo, estará no Estádio Nacional de Brasília e, 25 e 26, no novo estádio do Palmeiras, o Allianz Parque. Fãs de porta de hotel comentavam, sem informações oficiais, que esta será a última turnê do beatle pela América do Sul. Aos 72 anos, seu vigor, mesmo depois de seguidos shows que chegam a quase três horas de duração, parecem dizer o contrário.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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