Variedades

Festival Satyrianas volta maior em sua 15ª edição

A mágica que o grupo dos Satyros fez para transformar a Praça Roosevelt e faz, há 25 anos, no palco, também deve se aplicar ao tempo. Segundo Ivam Cabral, um dos diretores da companhia, a equipe do festival Satyrianas armou, em menos de 60 dias, o evento que ocupa 43 lugares (na Praça Roosevelt e região) com 602 apresentações (ante 500 do ano passado). Na 16.ª edição das Satyrianas, que começa às 18h desta quinta-feira, 20, e vai até 23h59 de domingo, 23, o tempo é o mesmo de sempre: são 78 horas praticamente ininterruptas de atividades culturais, agora com mais atrações.

Segundo o coordenador geral do evento, Gustavo Ferreira, a ideia deste ano é manter a diversidade de linguagens, aproximando algumas que não estavam muito presentes em outras edições. “Queríamos trazer mais performance. Para isso, temos a curadoria de Beth e Marcus Lopes, que pesquisam a área e investigam novas tecnologias.” Essas atrações vão se concentrar no novo Estação Satyros – o prédio onde funcionava o Espaço dos Satyros 2, que está em reforma. O local será provisoriamente reaberto apenas para as Satyrianas. Depois, volta à reforma, que deve ser concluída entre fevereiro e março.

Entre os destaques dessa vertente está Desiderata, projeto no qual atores do grupo Sensus interpretam textos dentro de uma caixa de vidro, no meio da Roosevelt. Durante a atuação, a caixa é suspensa por uma plataforma, dando ao espectador uma vista aérea do local.

O circo, que teve sua última instalação na Praça em 2009, volta a ganhar destaque. Como o piso da Roosevelt é de concreto, não é possível perfurá-lo para prender a lona, o que faz com que as atividades circenses sejam apresentadas a céu aberto. Com curadoria de Hugo Possolo, Raul Barreto e Elisa Soveral, o espaço tem programação noturna, com números de cabaré. A programação infantil ocorre em uma tenda montada na Praça com espetáculos apresentados durante o dia.

Pela primeira vez, as Satyrianas incluem a gastronomia em sua programação. Além dos bares da Praça, que funcionam normalmente durante o evento, o público terá a Feirinha Gastronômica, que ocorre todo domingo no Butantã e vai até o Centro com pratos de cozinheiros iniciantes e profissionais.

Atrações já tradicionais das Satyrianas continuam na programação. É o caso, por exemplo, do Dramamix, projeto em que dramaturgos e roteiristas são convidados a escrever textos inéditos para o evento, quando ganham encenação dramática (apresentação que fica entre a simples leitura dramática e o espetáculo em si).
A ação acaba sendo um aperitivo do que pode surgir na cena teatral do próximo ano, já que muitos dos textos que passam pelo Dramamix acabam sendo, de fato, montados – foi o que aconteceu, por exemplo, com Eu Cão Eu (Hugo Possolo) e Ilhada em Mim (Gabriela Mellão). Este ano, 35 dramaturgos participam do evento: entre eles, Lauro César Muniz, com Nossa Senhora dos Oprimidos (direção de Fernando Neves), e Walcyr Carrasco, com Jonas e a Baleia (direção de Ney Matogrosso).

Uma tenda de música também vai ser montada na Roosevelt para receber shows como Megatamainho, de Gero Camilo, e Negra – O Show, em que Fernanda DUmbra interpreta músicas gravadas por negras americanas, como Nina Simone e Ella Fitzgerald.

Como nas edições anteriores, as Satyrianas funcionam no esquema de “ingresso consciente”, em que o espectador decide quanto paga por espetáculo. Para Gustavo Ferreira, o sistema tem funcionado cada vez melhor. “Algumas bilheterias se saem bem”, diz o coordenador. “É difícil um espetáculo arrecadar menos de R$ 200, o que daria uns R$ 5 por pessoa.”

As Satyrianas têm apoio estadual e municipal que, somados, totalizam R$ 90 mil, verba ínfima para o porte do evento. “Ainda que tivéssemos mais dinheiro, seria impossível distribuir cachês com igualdade”, diz Rodolfo Vázquez, um dos curadores do evento. “Satyrianas é um evento que nasceu para ser pobre”, diverte-se.

Vázquez é otimista em relação ao estrondo que a programação causa no entorno. Ele conta que, em uma edição anterior, ele foi ameaçado via SMS por um morador irritado com o disparo de fogos de artifício. Ele prometeu que não haveria mais fogos, mas não contava que uma peça do Teatro Oficina voltaria a fazer o barulho. “Quando vi Zé Celso com aqueles fogos gritando Evoé! Evoé, pensei Evoé? Eu vou é pra minha tumba!”, ri. A equipe considera a experiência do ano passado, que transcorreu sem problemas.

A programação completa das Satyrianas pode ser vista em satyrianas.com.br. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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