Variedades

Os shows no Brasil em 2014

Os melhores shows, a revelação, as decepções, o maior mico. Quem arrisca a fechar o painel do ano com as sentenças categóricas de seus destaques? Tentaremos fazer isso a seguir.

Entre os melhores shows de 2014, pontificam os de Arctic Monkeys (com abertura sensacional dos suecos do Hives, no Anhembi); o primeiro dos dois shows de Paul McCartney na arena Allianz Parque; e a maravilhosa soirée política com Joan Baez e seu convidado Geraldo Vandré no Teatro Bradesco, espécie de mergulho sentimental nas protest songs dos anos 1970.

Na oferta prodigiosa dos festivais, alguns artistas se mostraram mais perenes que outros. Foi o caso de Johnny Marr, ex-guitarrista dos Smiths. Fleumático, mínimo, melódico, ele trouxe ao Lollapalooza Brasil a lição inesgotável dos Smiths (ajudou o fato de ter convidado ao palco o próprio baixista dos Smiths, Andy Rourke).

Houve menos revelações e mais confirmações na área do pop internacional. O grupo escocês Franz Ferdinand fez um rasante extraordinário no Espaço das Américas, em setembro, ratificando sua reputação de grande banda ao vivo. Foi uma espécie de piquenique indie, dance rock irresistível com a precisão de um bom scotch.

O grupo canadense Arcade Fire, que vitaminou seu som para obter um resultado que parece uma rave híbrida, foi bem-sucedido na dominação da noite, também no Lollapalooza, em abril.

Entre as grandes revelações da música, o homem-banda que se esconde atrás de uma máscara no Bloody Beetroots foi um dos espantos. O cérebro do projeto, o produtor e guitarrista italiano Cornelius Rifo, uniu-se em São Paulo ao brasileiro Iggor Cavalera e fez um show de massiva perturbação eletrônica, pesado e rocknroll.

O vocalista do Pearl Jam, Eddie Vedder, chegou à cidade sozinho, mas veio armado. Munido de um ukulelê, subiu ao palco do Citibank Hall, em maio, e instaurou um clima de luau na praia em plena metrópole, um espetáculo de raro domínio de cena.

Entre as raras revelações na área, destaque para o duo inglês Royal Blood. Na área do jazz, pouca coisa mobilizou mais a plateia do que a passagem pelo País da Preservation Hall Jazz Band (PHJB), que é um pouco como a guarda suíça do Vaticano: instalada numa casa de madeira de 264 anos em New Orleans, cumpre a eles, há 53 anos, zelar pela tradição do jazz. Um dos grandes micos do ano foi o cancelamento, por conta da chuva, de diversos shows internacionais de encerramento da Virada Cultural, em maio. Como o da cantora Martha Reeves, testemunha sonora da era da música negra da Motown.

Outra decepção do ano foi o show Metal All-Stars, que reuniria 11 astros de bandas de heavy metal no Espaço das Américas. Houve problemas, alguns artistas não vieram, o show foi conturbado e gerou muitas críticas de fãs.

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