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AC/DC supera traumas e volta à velha forma

O AC/DC é quase como uma daquelas santidades eternas, uma figura imponente e permanente que ressurge mesmo nos momentos mais adversos. Se a banda, hoje, é headliner do festival Coachella, um dos maiores e mais importantes do mundo, e está escalada para se apresentar na cerimônia do Grammy, em 8 de fevereiro, a previsão não era das mais animadoras em abril do ano passado. Foi o começo de um período conturbado para os fãs da banda – e para o AC/DC, é claro -, cujo final, com o lançamento do disco Rock or Bust, parece ser mais feliz do que qualquer fã (e a banda) imaginaria.

Era dia 16 daquele mês, quando a página de Facebook do grupo revelou a notícia de que, após 40 anos de trabalho, Malcolm Young deixaria a banda para cuidar de problemas de saúde. Ficou conhecido que o mais velho dos guitarristas, que completou 62 anos em 6/1, sofria de demência e seria internado para receber tratamento.

Na sequência, em novembro, com o disco já pronto e prestes a sair, o baterista Phil Rudd foi preso na Nova Zelândia, onde mora, acusado de planejar o assassinato de duas pessoas. Depois, descobriu-se ainda que o músico também seria indiciado por posse de drogas.

Nem mesmo esse incidente foi capaz de impedir o AC/DC de voltar à ação. Logo, o grupo noticiou que o lançamento do álbum estava mantido, assim como a turnê. Não seria a primeira vez que Rudd deixaria o grupo, já que, em 1983, o baterista brigou com Malcolm Young e acabou demitido da banda – e só foi chamado de volta 11 anos depois.

Rock or Bust é, como o nome diz, uma última cartada do AC/DC. A tentativa definitiva, o “arrasa ou caia fora”, como o próprio título diz, em tradução livre. A saudade de Malcolm, integrante fundador e companheiro do irmão mais novo, Angus, na criação das faixas, é evidente. O álbum sangra pelo companheiro perdido.

Não por acaso, todas as composições foram assinadas pelos dois irmãos, embora seja o sobrinho deles, Stevie Young, o responsável por tocar as sessões de guitarra rítmica no estúdio e na turnê mundial que já tem 24 datas, marcada para ter início em 5 de maio, na Europa.

Os seis anos que separam os álbuns Black Ice (2008) de Rock or Bust parecem não ter existido, quando são ouvidos em sequência – com a exceção da mudança na formação, logicamente. É uma marca que o AC/DC faz como ninguém: combustão pura, do início ao fim.

Angus mantém a maestria de dominar a guitarra tão característica. Seus riffs soam tão violentos quanto os fãs esperam. Com 3 minutos e 41 segundos, a faixa que encerra o disco, Emission Control, mostra o músico se divertindo com solos conectados, enquanto Stevie faz um trabalho digno em manter o AC/DC em movimento.

O mesmo pode ser dito de Brian Johnson, que parece assumir cada vez mais o papel de protagonista, dividido, obviamente, com Angus. Ele canta como nos velhos tempos e com a mesma temática da juventude – o que é surpreendente por ter chegado aos 67 anos. O tempo colocou o AC/DC em xeque e a banda decidiu responder como melhor sabe: rock and roll. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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