A não ser que você seja um fã, há duas maneiras de reconhecer o Bastille, atração da nova versão do Lollapalooza no Brasil (28 e 29 de março). A primeira vem ao apertar o play e ouvir Pompeii, maior hit do grupo britânico, lançado em 2013 e que foi diretamente para as rádios de pop rock do mundo todo. A segunda maneira de reconhecer o grupo é pela imagem que já se transformou em icônica do vocalista Dan Smith, cujo topete é imponente, enorme e sempre irretocável. O tecladista Kyle Simmons, em entrevista por telefone, não poderia concordar mais com a segunda afirmação. “É, de fato, o cabelo de Dan faz parte da imagem da banda”, comenta o músico nascido em Londres, entre risos, ao falar sobre o penteado do colega de banda. “Leva semanas para ficar pronto?”, brinca, gargalhando. “De verdade, eu não sei como ele faz aquilo. Ele acorda de manhã, mexe no cabelo e, de repente, aquilo fica arrebitado. Não demora muito, ele levanta o cabelo e pronto.”
Tudo aconteceu muito rápido para o Bastille, banda cujo único disco chegou ao primeiro lugar no mirrado mercado do Reino Unido e em 11º nas paradas britânicas. Bad Blood saiu em março de 2013 e, desde então, o Bastille não parou de rodar o mundo em turnê.
Foram 300 shows, e o grupo não sabe o que é descanso. O site oficial da banda mostra apresentações marcadas até agosto deste ano, na Holanda. O Brasil será uma das paradas deles pela América Latina. Além do Lollapalooza, festival no qual eles estão escalados para se apresentar na primeira noite do evento, ao lado de Jack White, Robert Plant and The Sensational Space Shifters, Skrillex e Kasabian, o grupo liderado por Smith passará por Belo Horizonte (Chevrolet Hall, dia 25 de março) e Rio de Janeiro (Citibank Hall, 27 de março).
“É demais essa sensação de encontrar os fãs pela primeira vez. Será nossa primeira vez na América do Sul, a primeira no Brasil. Ouvimos tanto falar dos fãs brasileiros, é hora de conhecê-los”, diz Simmons. “É ótimo poder tocar para multidões, assistir pessoas pulando com as nossas músicas, mas são nesses shows menores que conseguimos ver o rosto das pessoas que estão ali.”
O Bastille não tem medo de assumir a postura de pop rock, ou mesmo das influências do Queen, com a baladas ao piano e o uso de corais nos backing vocals. Tudo soa grandioso na voz de Smith, numa grandiloquência que parece se encaixar no status de “boy band do rock” com o qual o quarteto foi rotulado.
As premiações seguem acrescentando estatuetas nas estantes dos rapazes, que incluem um Brit Awards de banda revelação. O Grammy, realizado neste domingo, 8 de fevereiro, poderá premiar o Bastille em duas categorias, como melhor novo artista e melhor remix para uma versão de Pompeii. “É uma honra para a gente ser indicado. Nunca imaginamos que faríamos parte disso”, confessa o tecladista. “O Grammy, mais especificamente, é muito mais internacional, massivo. É inacreditável. Espero que mais pessoas passem a prestar atenção na gente.”
No Reino Unido, a banda já é uma realidade – e, no Brasil, os fãs ardosos do grupo devem marcar presença nas apresentações por aqui, mas os Estados Unidos ainda são um desafio para o grupo, como acontece com qualquer sensação musical britânica. Para isso, é claro, um novo disco está nos planos do Bastille, mesmo que o tempo em casa e no estúdio esteja rareando. Na entrevista, Simmons revelou que o grupo planeja o segundo disco de inéditas ainda para 2015. “Vamos para o estúdio daqui a pouco”, contou. “Estou muito animado porque acho que será diferente do que fizemos no outro álbum.” A guitarra, uma coadjuvante submissa em Bad Blood, ganhará destaque neste novo trabalho. “Vai soar um pouco mais roqueiro, vai ter mais R&B”, experimenta o tecladista. Criar um disco para suceder o trabalho de estreia, responsável por transformar a banda na mais ouvida nos serviços de música de streaming do Reino Unido, é capaz de gerar um peso sobre os ombros do quarteto. “No primeiro disco, fazíamos as músicas para a gente. Ainda queremos fazer isso, mas estamos ansiosos por saber como será a reação do público. O primeiro disco transformou as nossas vidas, deixou tudo muito alucinado. Se chegar perto de como foi com a estreia, já ficaremos felizes.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.