Variedades

Festival de Curitiba abre com orçamento menor

O maior evento teatral do Brasil começa nesta quarta-feira, 25, e segue até o dia 5 de abril. Em sua 24ª edição, o Festival de Curitiba continua a manter a proposta e os números superlativos que o caracterizam desde sua criação. Serão 29 espetáculos, entre eles seis estreias nacionais. E a mostra oficial permanece como uma vitrine do que se passa nos palcos do País – especialmente no eixo Rio-São Paulo.

Diante de tanta constância, uma diferença que se acentua nas edições recentes é o reforço da grade internacional. Tradicionalmente restrita a único título, a representação terá quatro produções este ano. É um pouco menor do que em 2014, quando foram cinco obras. Mas com a explosão da cotação do dólar, a manutenção da iniciativa soa como indicativo de que a mudança veio para ficar.

De outros países, será possível assistir a criações como A House in Asia – que passou por São Paulo no último fim de semana; Numax Fagor Plus, obra do artista catalão Roger Bernat que prescinde dos atores e cria uma nova perspectiva para o público, e Double Rite, duas versões da companhia dinamarquesa Granhoj Dans – uma feminina e outra masculina – para A Sagração da Primavera, de Igor Stravinski.

Além das mudanças em relação à moeda estrangeira, o Festival também sofreu corte de recursos. Seu orçamento previsto de R$ 6 milhões havia sido de R$ 8 milhões, em 2013, e R$ 6,5 milhões, em 2014. “É um momento em que captar está mais difícil”, comenta o diretor da mostra, Leandro Knopfholz.

Se há menos dinheiro, a programação necessariamente encolheu: as 29 peças da mostra oficial eram 35 no ano anterior. Uma das alternativas, porém, para se evitar ainda mais cortes foi uma mudança no modelo de produção do evento.
Segundo Knopfholz, o calendário de montagem dos espetáculos foi alterado para reduzir os custos. Também passaram a ser privilegiadas as salas convencionais de teatro – que exigem menos adaptações e gastos do que os espaços alternativos.

Coproduções

Outro passo atrás que se deu em relação às edições anteriores diz respeito às coproduções. A iniciativa, que foi testada em Curitiba em 2013, é um dos meios usado por grandes festivais mundo afora para garantir novo fôlego às suas programações. Recentemente a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo – MITsp valeu-se do expediente e apresentou a estreia mundial de Canção de Muito Longe, do belga Ivo Van Hove. “Coproduzir é uma maneira de definir rumos próprios e fugir das limitações do que o mercado oferece naquele momento. É uma ideia que pretendemos retomar no futuro”, observa Celso Curi, que assina a curadoria com Tânia Brandão e Lúcia Camargo.
Com uma seleção que engloba muito do que fez sucesso em 2014 no Rio e em São Paulo, a grade não traz muitas surpresas para quem segue o cenário de perto. Entre os destaques, Beije Minha Lápide, com Marco Nanini; Gotas Dágua sobre Pedras Escaldantes, direção de Rafael Gomes; e Nômades, direção de Marcio Abreu, com Andréa Beltrão, Malu Galli e Mariana Lima.
Inevitavelmente, as atenções se voltam, ano a ano, para as criações inéditas, que farão sua estreia na capital paranaense. Nessa ala, que reúne sete títulos, pode-se esperar boas surpresas de OE, trabalho solo do ator Eduardo Okamoto sob a direção de Marcio Aurélio; de Ensaio para um Adeus Inesperado, novo texto do dramaturgo Sergio Roveri; assim como de Abnegação II – O Começo do Fim. Trata-se da segunda parte da trilogia Abnegação, projeto da companhia paulistana Tablado de Arruar que retrata um partido político que, para conseguir projetar-se nacionalmente, abraça práticas que era por ele mesmo condenadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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