Variedades

Arte ganha mais espaço na agenda da Biblioteca Mário de Andrade

A Biblioteca Mário de Andrade não pretende fazer concorrência a museus e galerias da cidade, mas o Seminário Internacional de História da Arte Sérgio Milliet, que começa nesta terça, 21, em sua sede, é um encontro imperdível – e gratuito – que reúne diretores de instituições respeitadas como Wim Pijbes, do Rijksmuseum de Amsterdã, professores como o romeno Victor Stoichita, da Universidade de Freiburg, e o francês Eric de Chassey, da Academia Francesa, além de brasileiros como Luiz Marques, ex-curador do Masp e professor da Unicamp, e Mônica Zielinsky, responsável pelo catálogo raisonné do pintor gaúcho Iberê Camargo.

Os temas do seminário, que vem sendo organizado há mais de um ano pelo diretor da Biblioteca Mário de Andrade, professor Luiz Armando Bagolin, são vários. Na mesa de abertura, por exemplo, Stoichita fala sobre as fronteiras estéticas no Dom Quixote de Cervantes, analisando as relações entre narrativa literária e criação artística. Bagolin trata, na quarta, 22, da vida de Aleijadinho, considerado nosso principal escultor barroco e, no último dia, Helouise Costa analisa o programa de exposições da seção de arte da Biblioteca Municipal Mário de Andrade entre 1945 e 1960.

Foram muitas as exposições nesse período, incentivadas sobretudo pela presença do crítico Sérgio Milliet como diretor, até 1959. A biblioteca inaugurou, em 1946, a primeira coleção pública de arte moderna em São Paulo, antes do Masp e do MAM. Os 16 anos que Milliet esteve à frente dela projetaram internacionalmente a instituição, o que justifica a inclusão de seu nome no seminário de arte que começa nesta terça e deve trazer, além da contribuição teórica dos participantes, bons dividendos para a cidade.

Nos últimos dois anos, a direção da biblioteca adquiriu mais de mil obras, principalmente gravuras, ampliando seu acervo. A vinda a São Paulo de nomes como os de Wilm Pijbes vai permitir que a instituição receba obras do acervo do Rijksmuseum em 2017, como parte do protocolo da cooperação entre o museu e a biblioteca. Segundo Bagolin, será uma mostra com gravuras de Rembrandt. Antes, em 2016, será realizada uma exposição com retratos raros do fotógrafo norte-americano Ansel Adams (1902-1984), mais conhecido por suas paisagens. O filho de Adams fez uma palestra na biblioteca em março, exibindo um filme inédito do pai.

Ainda em agosto, outro exemplo de fotografia autoral ocupa a biblioteca: o fotógrafo francês de origem eslovena Klavidj Sluban, independente e itinerante, passa duas semanas com jovens da Fundação Casa, experiência que dará origem a uma exposição em outubro. Sluban tem experiência na área: registrou em 2007 o cotidiano dos “maras”, gangues armadas de adolescentes atuantes na América Central, instalando seu ateliê numa prisão da Guatemala.

No segundo semestre deste ano, o Museu Torres García, de Montevidéu, criado em 1949, logo após a morte do pintor, vai montar na biblioteca uma exposição com as esculturas e brinquedos criados pelo pintor uruguaio, no espaço que será dedicado pela biblioteca às crianças. “Vamos ter móveis especialmente desenhados para o local e reproduzir algumas peças de Torres García”, adianta o diretor Luiz Armando Bagolin.

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