Para fazer o primeiro espetáculo da eVolution Dance Theater, o coreógrafo Anthony Heinl afirma que gastou todo seu dinheiro e vendeu tudo o que tinha. Com o esforço, conseguiu um teatro em Roma por uma semana. A casa lotou e os donos do local decidiram ampliar a apresentação para três semanas.
Apesar do sucesso inicial no palco, os bastidores não davam o mesmo resultado. Heinl admite que não estava preparado para administrar uma empresa. Ao longo de sete anos, o americano faliu três vezes e vendeu carros para manter a companhia funcionando. “Não sabia como fazer publicidade, como pagar os bailarinos legalmente, não sabia que eu precisava de um advogado, como fazer proteção de copyright… Havia um milhão de coisas que eu não tinha ideia. É um processo longo e lento. Fiz todos os erros possíveis com a companhia”, diz, rindo.
Agora, segundo o coreógrafo, “parece que finalmente está tudo ok”. Heinl conseguiu se estruturar para fazer turnês, como a do Brasil, e fechar parcerias importantes. No ano passado, a eVolution foi convidada pela Disney para criar um show, chamado Magic of Light, para a linha de cruzeiros da empresa. “Foi realmente desafiador. Eles são grandes e têm os próprios padrões. Foi uma boa experiência de aprendizagem.”
A temporada no Brasil também é vista como outra grande oportunidade de crescimento. Além disso, o público no País – que Heinl conhece bem da época em que dançava no Momix – deixa o coreógrafo entusiasmado. “Amo ir ao Brasil, é incrível. A plateia é realmente calorosa. Eles enlouquecem. Vocês têm um grande amor pelas artes e essa energia por aí. A gente vai para alguns países e eles são tão educados que não fazem nenhum barulho durante a apresentação e você se pergunta se está entediante. Eles gostam, mas a gente só fica sabendo depois, no fim. É mais fácil se você está no palco e ouve a reação durante o espetáculo.”
Esforço
Segundo o coreógrafo, a administração empresarial é essencial para dar estrutura a novos desafios artísticos. Ele diz que o momento atual é difícil para quem está na área. Embora haja oportunidades comerciais, ainda não existe muito espaço para companhias pequenas e artistas que atuam de forma independente.
A saída, segundo o americano, é trabalhar sério para fazer o grupo crescer aos poucos, tornando-o cada vez mais firme no cenário da dança. O objetivo final, afirma Heinl, é “chegar a um ponto que não preciso me preocupar tanto com dinheiro”. No caminho, pretende continuar investindo em novas tecnologias, materiais e figurinos. “Tenho muitas ideias maiores que nunca tive orçamento para tentar. Talvez algum dia ter um show grande como o Cirque du Soleil ou algo assim.”
Mas Heinl reconhece que o trabalho duro às vezes é acompanhado por um pouco de sorte. Foi o que aconteceu pouco antes da criação de Firefly, quando o americano foi chamado por uma companhia de balé em Florença, na Itália, que havia perdido seu coreógrafo. “Eles me ligaram para ver se eu podia criar algo rápido. E eu já estava trabalhando em algumas ideias para Firefly. Pude trabalhar intensamente com 25 de seus bailarinos durante dois meses”, conta. “É estranho como um dia você recebe uma ligação e isso muda os próximos nove meses de sua vida. Você nunca sabe, esse ramo é muito maluco.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.