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Arquivo do IEB começa a ser transferido para o Complexo Brasiliana USP

Agora, vai. Na segunda-feira, 27, depois de um ano de espera – e depois de três de planejamento -, o arquivo do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) finalmente começará a ser levado ao Complexo Brasiliana USP, que será, num futuro próximo, mas ainda incerto, a casa de todo acervo da instituição. Hoje, ele está concentrado num espaço menor, no térreo do Centro Residencial da USP (Crusp).

O IEB só conseguiu viabilizar a mudança agora porque desistiu de contar com uma empresa profissional para embalar e transportar seus 550 mil documentos divididos em 5 mil caixas. A tarefa será feita pelos 9 funcionários (5 mulheres e 4 homens) e pela Kombi do órgão.

“Acho que foi uma decisão muito sensata, já que o material, que é nosso acervo permanente, estará muito mais seguro agora. E também foi uma decisão sábia neste momento de crise geral. Como serviço público, temos que dar o exemplo e apertamos o cinto da nossa maneira”, diz Elisabete Ribas, supervisora técnica.

Entre as preciosidades desse acervo estão uma carta jesuíta de 500 anos, mapas, bilhetes, cartões, cartas, cadernos, documentos e manuscritos de diversos intelectuais, como Mário de Andrade. Quase tudo dele – e aí podemos incluir o original de Macunaíma, móveis e quadros – está lá. Ele abriga, ainda, os originais de Vidas Secas, de Graciliano Ramos, cadernos com desenhos e anotações de Guimarães Rosa e muito mais.

Em junho do ano passado, o IEB estava contratando uma empresa especializada em mudança de materiais delicados, mas um problema durante a licitação suspendeu o processo. À época, a segunda colocada, que pediu mais de R$ 50 mil pelo serviço, contestou a capacidade técnica da vencedora, que apresentou um orçamento de pouco mais de R$ 14 mil. De fato, explica Bete, seu atestado de capacidade era falso. Além disso, os funcionários da USP estavam em greve, a diretoria do IEB estava sendo trocada e o Brasil respirava a Copa do Mundo. Um ano depois, a questão foi retomada.

Com a solução caseira, o gasto não ultrapassará R$ 7 mil – mais ou menos o valor das 40 grandes caixas plásticas compradas para acondicionar as menores. Na terça-feira, eles fizeram um ensaio geral com o material do Milton Santos que chegou recentemente por lá e ainda estava em caixas provisórias. Deu tudo certo. Elisabete Ribas, que gastou um tempo embalando todas as medalhas e troféus do geógrafo, brinca: “Mas é gostoso porque vemos o peso da intelectualidade brasileira”.

A equipe, que será dividida em embalagem, transporte e recebimento, calcula pelo menos quatro viagens por dia. Ribas acha que será possível fazer duas extras, caso os funcionários estejam bem. Em vez de durar uma semana, se houvesse ajuda profissional, o processo levará até um mês. O IEB está fechado para pesquisa desde o início da semana, e apenas os casos pré-agendados serão atendidos no período da mudança. A partir de 31 de agosto, os pesquisadores já podem retomar as consultas na nova casa do instituto, que funcionará em três salas no moderno prédio inaugurado em 2013 e que já abriga a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin e a Livraria João Alexandre Barbosa. O espaço deve ser cinco vezes maior que o de agora.

O projeto da mudança completa do IEB para o Complexo Brasiliana está orçado em R$ 4 milhões, mas depende de liberação da verba pela Reitoria da USP. A maior parte do montante será investida na compra de mobiliário apropriado. Por ora, o IEB vai usar as estantes do Sistema Integrado de Bibliotecas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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