Pouco se sabe sobre o mercado de livros digitais no Brasil. Editoras não divulgam os números de vendas, e dizem apenas que elas representam 1%, às vezes 2%, do faturamento. Tampouco interessa às livrarias revelar seu market share. Juntando uma informação aqui e outra ali era possível entender um pouco do comportamento do leitor, mas faltavam um levantamento e uma análise mais sistemáticos que pudessem ajudar a construir um histórico – e, quem sabe, apontar caminhos para que o mercado seja, de fato, promissor.
A partir de quinta-feira, 3, a Simplíssimo, uma das primeiras empresas produtoras de e-book do País, vai publicar, em seu site, semanalmente, o ranking dos e-books mais vendidos no Brasil. Ainda não é a solução perfeita, já que a lista não considera a quantidade de livros vendidos, um segredo de Estado em qualquer país. “Não teremos números, mas ninguém tem esse tipo de informação. Mas é preciso partir de algum lugar, e alguma informação é melhor do que nenhuma”, diz Eduardo Melo, idealizador da ferramenta.
Melo conta que se inspirou no ranking do Digital Book World, que analisou o mercado americano entre agosto de 2012 e abril de 2015. Ele acredita que a descontinuidade do serviço se deva à posição dominante da Amazon, o que não ocorre no Brasil – estima-se que ela tenha 30% do mercado brasileiro de e-book, mesma participação creditada à Apple. “Mas aqui um serviço como esse não é supérfluo porque simplesmente não temos nenhuma informação.”
Desde que teve a ideia de criar o ranking, há cerca de duas semanas, Melo colhe, diariamente, os dados oferecidos pelas livrarias em seus sites (lista e preços). Ele então desenvolveu uma metodologia que considera a participação das lojas e frequência de atualização e, ainda, o aparecimento do livro em várias listas.
Na lista de quinta, veremos que, dos 30 best-sellers – O Pequeno Príncipe está no topo -, apenas 9 são nacionais. O primeiro a aparecer (e ele está na 5.ª posição) é Pecados Íntimos – livro autopublicado por Ariela Pereira. Aliás, veremos também que títulos autopublicados se saíram tão bem quanto a Companhia das Letras, a editora mais bem colocada. E que quanto mais barato, melhor. A metade dos livros da lista custa até R$ 14,99. Os dados vêm acompanhados de análises. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.