É um dos grandes filmes da história do cinema brasileiro, não apenas do ano. E foi um longo caminho até que A Hora e a Vez de Augusto Matraga, a versão de Vinicius Coimbra, quebrasse o encantamento para chegar, enfim, aos cinemas nesta quinta-feira, 24. Vai ser um lançamento pequeno para a grandeza do filme – apenas 20 salas de São Paulo, Rio, Brasília, Belo Horizonte, Salvador. O desejo de verter para a tela a prosódia rosiana – o universo telúrico de João Guimarães Rosa – perseguiu o diretor Coimbra durante anos.
Matraga não foi sua primeira escolha. Ele queria Campo Geral. Quando procurou Flávio Tambellini para expor sua proposta, o produtor lhe fez saber que acabara de assinar com Sandra Kogut, e ela fez Mutum. Coimbra não desistiu.
Voltou-se para A Hora e a Vez de Augusto Matraga. E não se intimidou com o fato de o conto já ter sido filmado por Roberto Santos, em 1965, e o filme anterior tem fama de clássico do Cinema Novo. “Escolhi o conto, não quis refazer o filme. Inclusive, antes de ser restaurado, Matraga havia sumido do mapa. Eu mesmo tive de mover céus e terra para conseguir ver o filme, e, quando vi, descobri que nossos focos (de Santos e dele) eram bem distintos. Não havia motivo para que não fizesse a minha versão.”
Matraga estreou na Première Brasil do Festival do Rio de 2011. Ganhou o Redentor nas categorias de filme, direção, ator (João Miguel) e ator coadjuvante (José Wilker), mais um prêmio especial do júri para Chico Anísio. A princípio seria um grande lançamento (da Nossa Distribuidora), mas um imbróglio da Ancine cortou a verba (e a estreia). No intervalo, Coimbra fez um Shakespeare no teatro (Como a Gente Gosta) e outro no cinema (A Floresta Que se Move, baseado em Macbeth). O Macbeth de Coimbra estreia em 5 de novembro. Surgiu a janela para lançar, mesmo pequeno, Matraga. Prepare-se. João Miguel, que não tem o physique du rôle, assume o personagem como um possesso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.