Variedades

Apresentações ágeis de bandas cumpriram objetivo no Sunset

Quando é dia de metal no Rock in Rio – e nesta edição serão três -, o Palco Sunset se encaixa perfeitamente no conceito de parque de diversões que a produção do evento vem querendo estabelecer: menor, e com shows mais cedo, reúne menos gente (mas ainda assim muitos milhares) com um som muito, muito alto. A velocidade das canções e a (usual) boa presença de palco de bandas aceleradas cria uma empatia com o público que faz parecer o espetáculo todo um verdadeiro show de rock.

A diferença é estar cercado por uma montanha-russa (com uma fila igualmente gigantesca) se formando aos seus pés e dezenas de lanchonetes fast-food. Mas dizer que quem esteve lá nesta quinta-feira, 24, não estava se divertindo seria muita má vontade, no mínimo.

Quem encerrou o palco foi o Deftones, que de algum jeito também se encaixa no que parece que foi o fio musical e condutor do Sunset nesta quinta-feira: o metalcore, estilo de metal que se alimenta do punk hardcore (mas bem mais do primeiro, com várias nuances, sim).

A banda voltou ao Brasil pela primeira vez após a morte do baixista Chi Cheng, em 2013. Ele ficou quatro anos em coma por causa de um acidente. O Deftones deve lançar um novo álbum em novembro, o primeiro desde Koi No Yokan, de 2012.
Antes deles – e com uma música dedicada à banda de Chino Moreno e companhia – o Lamb of God fez um show sem sustos que quase chega a ser monótono. A exceção é a música Redneck, do álbum Sacrament (2006), que formou, a pedido do carismático vocalista Randy Blythe, uma roda gigantesca no meio do público. Uma festa.

Um parêntese: Blythe chegou a ser preso em 2012, na República Tcheca, após ser acusado de homicídio quando um fã de 19 anos caiu do palco e morreu por causa da lesão causada. Após 38 dias na prisão e sete meses aguardando julgamento, ele foi inocentado. A corte alegou que ele tinha responsabilidade moral sobre o ato, mas não criminal. O episódio gerou um livro, Dark Days, ainda sem edição brasileira. Após o show do Lamb of God, que começou 18h, já era complicado atravessar a Cidade do Rock: diferente de outros festivais da mesma amplitude (no Brasil e fora), o Rock in Rio não tem conflitos nos horários dos shows, o que pode causar alguma confusão entre um e outro horário, por conta do imenso fluxo de pessoas.

A surpresa do dia no Sunset foi a banda Halestorm, de York, Pensilvânia. “São 30 anos de Rock in Rio”, disse no palco a vocalista Lzzy Hale. “O maior festival de rock do mundo!” Por mais que haja exagero na frase, é algo que se sustenta naquele momento. Em um dia dominado por um rock pesado e jovem, o Halestorm mostrou como rejuvenescimento do gênero segue seu fluxo com novas influências – na voz de Hale, há hard rock e até country.

O Rock in Rio pode não ser o “melhor festival de rock do mundo”, como ela disse. Mas, por uma hora, o Halestorm suou para fazer com que isso fosse verdade.

Os 39ºC que ardiam na Cidade do Rock perto das 15h não intimidaram as duas bandas paulistanas que – via ponte aérea – subiram ao palco e entregaram apresentações vigorosas de suas músicas autorais em português: John Wayne e Project46 fizeram pequenos sets cada e no final dividiram o palco, ambos os grupos com mensagens fortes e claras de crítica social. “Nós somos a periferia e estamos aqui representando o metal”, disse o vocalista da John Wayne, Fábio Figueiredo. Uma posição importante que vai na contramão de certo bom mocismo dominante em grandes festivais de música pop.

Já com um séquito particular de fãs metal heads que cantou a letra toda de Erro+55 (“oh, pátria amada, idolatrada, será que seus filhos aprendem a lição?”), o Project46 levou seu rock pesado de protesto para bem acima do underground com a apresentação no Rock in Rio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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