A moda hoje tem vários caminhos. Parece que tudo é tendência. É mais ou menos isso. No fundo, porém, há um zeitgeist que influencia boa parte dos criadores. No terceiro dia de desfiles da São Paulo Fashion Week, as inspirações foram as mais díspares, mas já é possível ter algumas certezas. A modelagem reta, minimalista, com saias justas abaixo do joelho, é a primeira delas. Os anos 1990 voltaram como mostram alguns looks da Iódice, de Vitorino Campos, da Animale e da UMA. O look preto, transparente em renda ou em tule, com certeza estará nas vitrines.
Casacões com ombros arredondados, às vezes meio desabados, e compridos apareceram em várias passarelas. Óculos gigantes meio retrô também. “Minha coleção tem um sentimento de déjà vu”, diz Vitorino Campos. “Ela fala sobre a descoberta de um planeta rosa e eu me apropriei dele para criar um universo cintilante.”
Um casaco cor de rosa é o ponto alto da apresentação. Compõem a coleção peças fluidas, glitter, mescla de preto e prateado, detalhes como punhos esportivos em vestidos de seda e comprimento curto ou no tornozelo. Entre os destaques, um macacão jeans com modelagem ampla e decote ombro a ombro, tendência do verão que também já é tida como certa para o inverno.
A Belle Époque e o filme Morte em Veneza foram pontos de partida para o desfile da Iódice. A renda apareceu de um jeito sexy em tops de manga longa e gola alta, enquanto vestidos de seda com a cintura marcada deram um ar feminino às produções. Patricia Bonaldi, estilista mineira, apostou suas fichas no estilo étnico apesar de ser famosa pelos bordados glamourosos. O resultado foi interessante. “O tema me permitiu usar coisas novas. Tirei as pedrarias e apostei em cordas fibras e franjas naturais”, diz a estilista.
Homens na passarela, com grifes apostando ao mesmo tempo em coleções femininas e masculinas, também são uma novidade da temporada. Com a onda dos “sem gênero” tomando conta da moda, as roupas unissex dominam a cena. O único desfile exclusivamente masculino da temporada foi o de João Pimenta, que misturou alfaiataria e street style. Os paletós ganharam capuz, a lã fria foi usada em moletons e alguns modelos desfilaram de terno, boné e mochila. “Fiz uma coleção mais próxima do meu cliente que quer roupa comum, mas com algo diferente”, disse Pimenta.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.