Com mais de 40 especiais da Globo no currículo, Roberto Carlos já tocou no Madson Square Garden, em Nova York, já se vestiu de palhaço e dividiu o palco com Os Trapalhões, e até pediu paz entre judeus e palestinos, no último ano, em Jerusalém. Mas, pela primeira vez no último sábado, subiu ao palco do Theatro Municipal, no Rio, para registrar sua ode ao amor sem a majestosa orquestra que eternizou suas canções.
Os arranjos repaginados para alguns de seus clássicos levaram o cantor a um passeio pelo reggae e ritmos latinos, acompanhado de uma trupe de doze músicos londrinos, com quem gravou no estúdio Abbey Road, em outubro.
“Até me assustei com os arranjos, mas vi que têm coerência”, exagerou Roberto Carlos, antes de apresentar as novas versões de Lady Laura e Eu te amo, que conseguiram tirar o Rei de sua zona de conforto sem, no entanto, tirar das canções sua pureza.
Assim, Detalhes foi uma prova de que sua majestade transcende os arranjos imortalizados. A nova versão ganhou, além dos acordes solos de piano, a calibragem de uma balada jovem. Também O Portão e Mulher Pequena ganharam novo frescor, resgatando o brilho e a alma apaixonada por trás das canções, já ofuscados após anos com arranjos embalsamados pelo romantismo clássico do Rei.
“O amor não muda ou sai de moda”, argumenta Roberto, em um das suas frases que, embora previsíveis, provocavam delírio e encantamento nas senhoras de corações adolescentes. O ar sedutor característico do Rei fez, mais uma vez, o público reviver calafrios pelo ídolo, com gritinhos excitados, propostas e elogios indecorosos e muitos corações feitos com as mãos. Se a edição não deixar escapar esses detalhes, o programa terá a sua marca.
Programado para ir ao ar antes o Natal, o especial também deve exibir trechos da passagem de Roberto Carlos por Londres. No telão, foram exibidos depoimentos de músicos, arranjadores e do próprio cantor sobre a experiência, além da gravação de And I Love Her, dos Beatles, com os músicos que se apresentaram no Municipal. Também acompanharam o show famosos como Letícia Spiller, Fátima Bernardes e Ana Furtado.
Sem a consagrada abertura de Emoções, Roberto iniciou a apresentação com uma homenagem aos 50 anos da Jovem Guarda, movimento musical que o coroou em todo o País. Com a banda base do grupo Jota Quest, acompanhado por Carlinhos Brown e Paulo Ricardo, o anfitrião relembrou alguns dos primeiros sucessos do rock brasileiro, como Eu sou terrível e A namoradinha de um amigo meu. “Estou me sentindo um rock sênior”, brincou. O amigo Erasmo Carlos subiu ao palco com a propriedade de quem tem nobreza sem título. Aproveitou o reencontro para fazer algumas selfies com o velho amigo.