As imagens que Gabriela Biló realizou poucos dias atrás da chegada da lama tóxica da empresa Samarco, em Minas Gerais, com o mar do Espírito Santo espalharam-se por jornais e pela internet escancarando uma das mais chocantes passagens do gravíssimo desastre ambiental provocado pelo recente rompimento de barragem da mineradora. “Essa foto virou um símbolo de Mariana”, diz o editor de Fotografia do jornal O Estado de S.Paulo, Eduardo Nicolau, sobre, especificamente, um dos registros da fotógrafa derivados da tragédia ocorrida na cidade mineira. A obra, marco do encontro de uma massa amarronzada com a água esverdeada do oceano é, sem dúvida, um dos destaques da exposição Olhar Estadão 2015, que pode ser vista até 31 de dezembro no Café Piu Piu, em São Paulo.
Trata-se de uma mostra de fotojornalismo, que contempla 22 fotógrafos do jornal O Estado de S.Paulo, cada um deles representado por um trabalho. Foi um ano especial para o jornal, que, inclusive, recebeu o prestigiado Prêmio Exxonmobil (Esso) na categoria com a fotografia de Dida Sampaio – ele flagrou a presidente Dilma Rousseff exercitando-se de bicicleta no entorno do Palácio da Alvorada. Na exposição, o ano é contado por meio de obras que não estabelecem uma linha cronológica, mas que lembram momentos importantes de 2015 – sejam de “tragédias, conflitos, espetáculos, retratos e poesia” – por meio da sensibilidade e da eficiência dos profissionais da reportagem fotográfica.
“Numa era em que as imagens surgem por todos os lados, de todos os formatos e numa velocidade cada vez maior, insistimos em ilustrar as páginas – principalmente, as primeiras páginas – com nosso olhar, com nossa linguagem, com nossa história”, escreve Nicolau, que assina a curadoria da exposição com o fotógrafo Nilton Fukuda, no texto que apresenta a mostra.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.