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Três meses depois de atentados, banda Eagles of Death Metal retorna a Paris

A banda americana Eagles of Death Metal, que tocava na casa de shows Bataclan, em Paris, quando aconteceram os atentados de 13 de novembro, retornou na noite da terça-feira 16 à capital francesa pela primeira vez em um concerto próprio. A apresentação realizada no Olympia foi marcada pela emoção dos músicos e do público, entre os quais sobreviventes dos ataques terroristas convidados pela organização do evento. “Eu amo vocês”, disse o vocalista Jesse Hughes.

A banda já havia estado em Paris em dezembro, convidada a tocar uma música em um dos shows da turnê do U2. Mas o concerto de ontem foi diferente – uma espécie de reencontro entre a banda e seus fãs, e entre os músicos e a cidade.

A ideia do Eagles of Death Metal era “terminar o show” interrompido pelos disparos de AK-47 de jihadistas do grupo terrorista Estado Islâmico (EI). E o clima da abertura, claro, não poderia ser diferente. Ao aparecer no palco, o vocalista da banda emocionou-se, e levou as mãos ao rosto, emocionado por reencontrar o público parisiense.

Enquanto do lado de fora do Olympia um forte esquema de segurança foi organizado pela polícia, do lado de dentro a atmosfera foi de intimismo. Um grupo de psicólogos foi montado pela psicóloga e presidente da Associação Paris Aide Aux Victimes, Carole Damiani, para prestar auxílio aos sobreviventes ou parentes de vítimas que o desejassem.

Ao longo do show, Jesse Hughes não exagerou no sentimentalismo e não fez discursos ou menções aos atentados – nem precisava fazê-lo. Eagles of Death Metal também não voltou a tocar “Kiss the Devil”, a música que a banda terminava no momento em que os disparos começaram no Bataclan. Entre as referências visíveis aos atentados, uma das poucas foi um cachecol azul, vermelho e branco, das cores da bandeira, que Hughes recebeu de um fã.

Mais da metade dos que estavam no Bataclan em 13 de novembro esteve no Olympia para o reencontro. Entre eles, estavam Frédéric Nowak, 50 anos, e seu filho Florian, sobreviventes do massacre que estão decididos a “continuar a viver”. “Eu tive os efeitos do estresse pós-traumático nos três primeiros meses”, explicou Frédéric, que foi ao show com o objetivo de virar a página de sua vida.
Arnaud Lacroix, 30 anos, foi outro dos que estiveram no Bataclan e voltaram para o reencontro com a banda. “Eu fui a alguns shows depois de 13 de novembro. No início foi pesado, mas está cada vez melhor”, disse ele. “Eu penso nisso todos os dias, e as imagens me vêm à cabeça o tempo todo. Mas eu acho que era preciso acabar aquele show, mesmo pensando naqueles que não estarão mais aqui.”

Polêmica

Antes do concerto, uma polêmica movimentou as redes sociais e a imprensa na França. Membro da National Rifle Association (NRA), o poderoso lobby da indústria do armamento nos Estados Unidos, Jesse Hughes defendeu em entrevista à agência France Presse (AFP) o porte de armas por cidadãos comuns, o que segundo ele poderia ter colocado as vítimas em condições de reagir aos terroristas.

“Muitas pessoas não concordarão, mas as armas colocaram todo mundo em pé de igualdade”, argumentou o vocalista, que é admirador de Donald Trump, o controverso pré-candidato à presidência dos EUA pelo Partido Republicano.
Para aqueles que perderam o show de Paris, Hughes prometeu: “Nós voltaremos”.

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