“Foi o calor.” Assim o maestro John Neschling explicou o mal estar que o fez desmaiar sobre o palco do Teatro Municipal de São Paulo durante concerto na tarde de domingo, 28. “Foi apenas um mal estar, um susto”, disse o maestro ao jornal O Estado de S.Paulo. O Municipal está sem ar condicionado desde janeiro. O não funcionamento do equipamento é creditado a um roubo de cabos ocorrido no dia 25 de janeiro. Segundo o teatro, os novos equipamentos já foram entregues e os reparos foram iniciados, mas ainda não há previsão de término.
No final do ano passado, o ar-condicionado do teatro já havia parado de funcionar durante apresentações, o que o teatro considerou como um problema “pontual”. Na volta da temporada, o aparelho seguia sem funcionar. Por conta disso, os concertos vinham sendo realizados com as portas da sala abertas, para que houvesse um mínimo de ventilação. Ainda assim, eram constantes as reclamações do público – por conta tanto do calor quanto do barulho externo que acabava entrando na sala durante as apresentações.
Na tarde de domingo, durante a execução da Sinfonia Manfred, de Tchaikovsky, Neschling parou de reger, levou as mãos ao peito e se desequilibrou, sendo amparado por músicos da orquestra, que o ajudaram a deixar o palco. “Foi mesmo só um susto. Na noite de domingo mesmo conversei com meu médico, que me receitou medicação para a pressão e já estou totalmente recuperado”, disse o maestro, que participou de reuniões na manhã desta segunda-feira, 29, no Municipal. “Estou de volta, em plena atividade.” Segundo o teatro, os ingressos serão trocados por entradas para outra apresentação na bilheteria do próprio Municipal.
Na semana passada, a prefeitura de São Paulo determinou a intervenção na administração do Municipal, atualmente feita por uma organização social, o Instituto Brasileiro de Gestão Cultural. A medida foi tomada na esteira de investigações da Controladoria Geral do Município, que vê indícios de má gestão, enriquecimento ilícito, corrupção e lavagem de dinheiro, que podem significar um desvio de até R$ 20 milhões. Segundo o teatro, o defeito no ar condicionado não tem ligação com a questão e não há problemas de manutenção.