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MAMONAS ASSASSINAS – Fã muito antes da fama conta sua relação com o grupo

Ela fez o desenho da capa do primeiro fanzine da banda Utopia. Participou do primeiro fã clube do grupo, que veio a se tornar o Mamonas Assassinas e se transformou em um dos maiores fenômenos musicais no Brasil em meados dos anos 90. Ela é Audrey Pacaterra, funcionária pública, que era amiga pessoal dos garotos do Cecap. 
 
“O primeiro fanzine do Utopia fui eu que fiz. Foi uma surpresa minha pra eles. Fiz várias cópias para eles e para as fãs.  O desenho da capa eu que fiz”, conta com saudades. Ela lembra que conheceu os integrantes da banda logo no início. “Nós nos tornamos amigos e,  como sempre fui boa boa em divulgação, dei uma força pra eles”.
 
Audrey conta que muitas das calças rasgadas do Dinho foi ela que desfiou. “Bordei uma jaqueta pra mim com o nome Utopia e ele quis que eu bordasse uma dele”. Ela lembra da boa relação com Júlio Rasec, que era seu grande amigo. “Eu faço aniversário dia 3 de janeiro e ele dia 4. Por três anos comemoramos juntos. Exceto no ano da morte deles”, lamenta. 
 
“Certa vez, em um aniversário meu, no Lua Nua, onde estavam o Dinho e o Julio, eles cantaram "More than words" para mim. Em outro ano, o Julio subiu no palco e cantou  "Me chama"  do Lobão. Até hoje sempre que ouço essas músicas, eu choro. Sinto muita falta da alegria deles, dos sorrisos, das piadas…Eles contagiavam a todos dentro e fora dos palcos…Sinto uma saudade imensa”,  diz.
 
No domingo, dia 3 de março de 1996, Audreu conta que acordou com a mãe dela e uma vizinha na porta do apartamento dela no Cecap. “As duas pálidas. Minha mãe com a mão na boca…Aí perguntei: todo mundo madrugou, hoje?. E minha mãe, que havia ouvido a notícia no rádio, me falou pra sentar e me falou sobre a queda do avião”. A fã não acreditou. Ela riu e disse que se tratava de um boato. 
 
“Quando liguei a televisão, vi a imprensa no local do resgate. Senti um vazio enorme no peito e chorei. Até resgatarem o último corpo, eu ainda tinha esperança de que alguém tivesse sobrevivido, mas não. Lembro de cada segundo daquele dia”, conta 20 anos depois. “Como o Julio e,  às vezes, o Dinho, costumavam ir na minha casa, minha família inteira chorava.Tios me ligavam…amigos. Eu daria tudo para esquecer aquele dia”.
 
O último encontro de Audrey com os Mamonas foi logo no início do sucesso da banda. “Em outubro de 95,eles iam fazer um show no Olímpia e o Dinho parou na praça do Cecap com seu carrão Mitsubishi novo, para irmos vê-los no show de sábado…só que nossa turma ia pra Ocktober Fest e dissemos que nao poderíamos ir. Lembro da bronca que levamos por causa disso. Aquela noite também foi a última vez que vi meu grande amigo Julio”, contou. 
 
No dia seguinte à morte, Audrey  foi ao velório no ginásio Thomeozão. “Fiquei lá, ao lado do caixão do Julio sem acreditar…até hoje parece mentira”, lembra.  “Meu consolo é que já sonhei com meu querido e eterno amigo por duas vezes e, em ambas, ele estava de branco em um lugar lindo. Disse para eu não chorar mais pois eles estavam bem”, encerrou.
 

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