Considerado um dos maiores nomes do novo cinema alemão, responsável por obras clássicas como “Asas do Desejo” (1987), Wim Wenders é também grande especialista em documentários, como “Pina” (2012) e “Sol da Terra” (2014), este último em parceria com Juliano Salgado. Sua filmografia tem altos e baixos. No novo longa de Wenders, “Tudo vai ficar bem” (Every Thing Will Be Fine), distribuição Mares Filmes, o diretor alemão não está em sua melhor forma, a não ser que ele queira mesmo mostrar um melodrama sem densidade, arrastado, sem emoção. Assim como seus personagens e atores protagonistas – Charlotte Gainsbourg e, principalmente, James Franco, totalmente inexpressivo, o que já é um pouco natural dele.
O filme tem como pano de fundo uma tragédia, onde numa manhã chuvosa de inverno um escritor, Tomas Eldan (Franco), atropela acidentalmente uma criança, que vem a falecer. A partir daí a história procura mostrar a reação de cada personagem com o acidente fatal: Kate (Gainsbourg), a mãe que, além de perder o filho se sente culpada por não ter olhado a criança; Christopher, o irmão mais velho do garoto que o acompanhava e nada sofreu; e Thomas que, apesar de não ter culpa no acidente entra em depressão, e afeta a convivência em seus relacionamentos.
Apesar dessa força dramática, o filme segue lento demais, criando perspectivas que não acontecem. Aliás, pode até ser um ponto positivo para o filme, se for visto nesse contexto. O que não deixa de ser interessante. Ou seja, o espectador fica esperando alguma mensagem de incentivo ou até frases marcantes para levantar o “astral” do protagonista, como acontece nesses tipos de filmes, mas não segue essa linha, o que faz dele diferente. Exemplo: quando Thomas se encontra com o seu velho pai, ou quando Thomas se encontra com Kate, e se espera um diálogo forte. Nada acontece. E assim vai por vários anos até chegar num quase clímax no final.