Uma pesquisa realizada pela ONG Transgender Europe (TGEU), rede europeia de organizações que apoiam os direitos da população transgênero, apontou que o Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. Entre janeiro de 2008 e março de 2014, foram registradas 604 mortes no País.
A entrevistada do Programa Ponto de Vista que vai ao ar nesta quarta-feira (6), Luisa Marilac, sentiu na pele o que foi revelado nessa pesquisa: aos 16 anos, foi vítima de um ato de violência em um bar, em Guarulhos. Levou sete facadas, perdeu um pulmão e ficou dois dias em coma. Foi então que, aos 18 anos, decidiu sair do Brasil. “Ser travesti [naquela época] era muito mais complicado. A probabilidade de você ir pra rua e não voltar era muito grande. Então eu decidi ir pra Europa”.
Ela voltou a Guarulhos em 2011, depois de ter ficado conhecida pelo vídeo, postado na internet, em que “tomava uns bons drinks” numa piscina para contestar os boatos de “que estava na pior”. Apesar de ter nascido em Além Paraíba (MG), ela diz que se sente guarulhense. Atualmente, além de vlogueira, é atriz – está prestes a gravar seu segundo filme – e tem uma coluna chamada “Mulher, Trans” na revista feminista AzMina.
Luisa falou sobre as consequências de ter adotado uma postura politizada. “Se eu tivesse levado mais para a palhaçada, mais para o cômico, fazendo as pessoas rirem de mim, provavelmente hoje eu estaria contratada [por uma emissora de televisão]. Porque é aquilo que eu falo: existe uma diferença de você rir de mim e de você rir comigo. Eu prefiro que você ria comigo. Então é por isso que eu acredito que hoje eu não estou na mídia, porque eu me politizei muito nesse sentido e isso me queimou muito de uma certa forma”.
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