Legenda: Os engenheiros Plínio Tomaz e Luiz Nelson Pepe examinando um dos poços tubulares profundos do Jardim Santa Francisca. Ano: 1968. Foto retirada do livro Cronologia da Água de Guarulhos até 1996.
O engenheiro Plínio Tomaz se formou na Escola Politécnica da USP, em 1966. No mesmo ano aceitou o convite do prefeito Waldomiro Pompêo para trabalhar na prefeitura sem receber salário. Em 1967, já contratado, fundou o SAAE. Quando o engenheiro começou a trabalhar, Guarulhos não tinha mapas das tubulações, faltava água até no gabinete do prefeito, que ficava na praça Getúlio Vargas.
Durante a entrevista para o projeto Memória Viva, Plínio Tomaz contou que a rede de água não tinha mapeamento, assim chamou os operários que faziam a manutenção dos encanamentos para apontar os locais onde passava a rede, assim o engenheiro foi desenhando os primeiros mapas.
Nessa época 60% das ligações eram clandestinas. O engenheiro contou que havia muitas pessoas que não pagavam a conta d’água, pois algumas famílias tinham “direito adquirido”, nessa época o valor da conta era cobrado num carnê fixo. Ainda não havia registros para contar a quantidade de água consumida em cada residência.
Logo quando começou a profissionalizar a cobrança da água, o engenheiro com apoio do prefeito Pompêo acabou com o privilégio de muitas famílias que não pagavam o carnê. Segundo Plínio Tomaz, a chegada da cobrança foi mal vista para políticos e famílias ricas que não tinham costume de pagar impostos e carnês.
Plínio Tomaz contou histórias inusitadas como de uma sabotagem ocorrida na Vila Rosália por um grupo de desconhecidos, que passou pelo bairro fechando todos os registros de água, até uma cobra foi colocada ao lado de uma bomba de pressão para evitar a manutenção.
O engenheiro implantou algumas novidades na área de tratamento e distribuição de água como o fim do uso das tubulações de cimento e fibra, retirou as tubulações que água que passavam por baixo dos cemitérios, dentre outras soluções inovadoras.
*Jornalista, responsável pela assessoria de comunicação da AAPAH, coautor dos livros “Guia Histórico Cultural de Logradouros – Lugares e Memórias de Guarulhos” e “Signos e Significados em Guarulhos: Identidade – Urbanização – Exclusão”.