Aos 11 anos, Pedro Kastelijns foi escalado para interpretar o Pequeno Príncipe em uma adaptação da obra de Antoine de Saint-Exupéry para uma peça teatral da escola. Ali, ficou encantado pelo personagem da Raposa. O Príncipe fica intrigado com o significado da palavra “cativar”. O animal explica que se trata de “criar laços”: “Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti (…). E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo”.
Quando passou dos 14 anos, Kastelijns começou a entender o que a tal Raposa de Saint-Exupéry dizia. “Comecei a entrar em contato com questões próprias do amor e de amadurecimento. Um negócio bonito e forte dentro da gente. Foi quando entrei em contato com a minha Raposa”, explica o jovem, hoje aos 18 anos. Compôs, entre os 14 aos 16, uma safra de canções minimalistas, lançadas no fim do ano passado, que debatem toda a confusão hormonal e sentimental que entope qualquer garoto adolescente, gravadas com ajuda do amigo Benke Ferraz, hoje conhecido e guitarrista da banda Boogarins.
Ano passado, reuniu aquelas canções, antes soltas na internet, em uma fita cassete e lançou seu primeiro trabalho. O nome, é claro, não poderia ser outro: Raposa. Tudo, contudo, ainda é muito recente e novo para o jovem que também é artista plástico – outra arte que surgiu naquele período mais conturbado da adolescência. Ele se apresenta neste sábado, 30, pela primeira vez em São Paulo, na Casa do Mancha, na Vila Madalena, em uma noite dividida pela artista Cibelle. E será somente o segundo show da carreira recém-inaugurada – o primeiro foi em Goiânia, com o Boogarins.
Em São Paulo desde o sábado passado, hospedado na casa de uma prima, Kastelijns tem acompanhado a trupe de músicos goianos que estão pela cidade, caso da ótima banda Carne Doce, que tem gravado o segundo disco no estúdio Red Bull Station, no centro da cidade, e se apresentou no projeto Prata da Casa, do Sesc Pompeia, na terça, 26.
As canções de Raposa ganham uma versão mais “eletrônica” ao vivo, segundo ele conta. Gravadas enquanto Kastelijns aprendia a tocar violão, as faixas foram inspiradas na carreira solo do guitarrista John Frusciante, depois de ele deixar de integrar o Red Hot Chili Peppers. Com toda a crueza que a puberdade pode oferecer. “Ele gravou algumas coisas toscas, que eram geniais”, ele diz. “Me mostrou que não precisava de técnica. Era só sentir as coisas. E isso eu sentia.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.