A notícia da morte do presidente do grupo editorial Record, Sergio Machado, de 68 anos, pegou de surpresa escritores, amigos e colegas profissionais do mercado editorial. Machado morreu na noite desta terça-feira, 19, por complicações decorrentes de uma cirurgia feita em novembro de 2015, no Rio.
A pedido da reportagem, colegas e amigos falaram sobre o empresário e editor.
Luciana Villas-Boas, agente literária e, por 17 anos, diretora editorial da Record:
“Sérgio Machado foi um imenso profissional da edição e empresário, capaz de consolidar e ampliar em muito a editora que herdou de seu pai, Alfredo. Como editor, sua marca principal foi o compromisso com a literatura brasileira, que jamais deixou de publicar, mesmo nos tempos mais duros. Sob sua gestão, a Record não só atraiu grandes nomes como lançou autores já canônicos. Como personalidade, o traço principal era a generosidade com o próprio conhecimento. Compartilhava tudo o que aprendera desde a juventude sobre o negócio do livro, apontando as pedras do caminho. Um mestre.”
Cristovão Tezza, escritor:
“Pois fiquei absolutamente chocado com a morte dele – não sabia que ele estava hospitalizado. Eu mantive uma relação profissional com ele bastante cordial, ao longo de anos – sob a presidência dele, nas últimas décadas, o grupo Record teve um papel extraordinário de apoio à literatura brasileira, não só pelos nomes consagrados que publica, mas pela atenção que sempre deu a novos autores. É uma grande perda. Então é isso – fiquei realmente chocado.”
Lya Luft, escritora:
“A perda de Sérgio é inestimável, tanto para a literatura brasileira quanto para sua família, amigos e autores. Considero a Record minha segunda casa. Desde os tempos de Alfredo Machado, quando eu era apenas tradutora da Record, acompanho com muito respeito a trajetória da família e de Sérgio. Grande figura humana, bom amigo, extraordinário e corajoso editor. Grande perda, imensamente sentida.”
Lucia Riff, agente literária:
“Estou devastada. Estamos todos muito tristes aqui na agência. O Sérgio foi meu primeiro grande amigo no mercado editorial, o primeiro editor que me recebeu, que me acolheu, que deu força para a Agência Riff. Trocamos alguns e-mails no início do ano, e fiquei cheia de esperanças que ele ficaria 100% bom e que poderia logo voltar para a Record. Não dá pra acreditar! Ele era tão jovem ainda, tão ativo, tão importante para o mercado editorial, tão querido dos seus autores, colegas no mercado brasileiro, e também entre os editores e agentes internacionais. Estou perdendo um amigo querido.”
Carlo Carrenho, diretor geral do PublishNews, site especializado na cobertura do mercado editorial:
“O Sergio era super importante, e o que eu gostava era que ele sempre teve um trabalho de valorizar os editores do grupo. Os editores têm autonomia, sempre tiveram liberdade de buscar títulos, autores. Isso é algo que sempre admirei. Comparado com outras editoras, a liberdade na Record era maior. Mesmo com editores novos, sem ser ninguém que aparece no jornal. Ele teve esse papel de ter ajudado a construir um grupo enorme, continuando o trabalho do pai dele. Um cara super simpático, muito legal. Uma vez participei de uma reunião com ele, em inglês, e ele tinha um sotaque parecido com o do Al Pacino. Era um grande contador de histórias.”