Variedades

História real de irmãs siamesas inspira montagem sobre guerra

A irmandade no palco fortalece as relações, fora e dentro dele. É assim para Caroline Duarte e Carla Zanini. Ao saber da história das irmãs Hilton, as atrizes se questionaram como seria coexistir com alguém no mesmo corpo, espaço e tempo. Nesta quinta-feira, 28, a dupla estreia o espetáculo Irmãs Siamesas – Talvez Eu Desmaie no Front, no Centro Compartilhado de Criação (Rua James Holland, 57, Barra Funda, tel. 3392-7485).

Em 1908, Daisy e Violet nasceram unidas pela pélvis e nádegas. Tratadas como aberrações, as meninas foram vendidas pela mãe para Mary Hilton, uma empresária que passou a exibi-las em shows e faturar com isso. Mas foi o episódio da morte que marcou as atrizes. “Violet contraiu uma forte gripe e morreu primeiro. Três dias depois foi a vez de Daisy”, diz Caroline.

O drama verídico inspirou um texto que narra a história de irmãs gêmeas que vivem em um país em guerra. Para sobreviver, as garotas precisam ultrapassar as fronteiras e contam com a ajuda de um coiote. “Elas estão na casa desse agenciador, prestes a levá-las para o outro lado”, conta Caroline. “O que elas não esperavam é que serão separadas.”

Para construir as cenas, a dupla convidou três diretores que ficaram responsáveis por determinadas partes da peça. Felipe Rocha, um deles, explica que o texto previa esse desmembramento e propunha três direções independentes. “A montagem dá muitas pistas desse estado de união e separação entre as gêmeas”, conta. “Elas viveram sempre juntas, mas agora serão forçadas a se separar para que não morram na guerra.” Ele acrescenta que buscar uma compreensão do drama das meninas ajudou a dar dimensão ao projeto. “Não se trata apenas da coexistência delas. Essas mulheres vivem em um conflito entre povos. As guerras têm aumentado nos últimos anos, principalmente nas fronteiras de muitos países.”

Ao lado de Carolina Bianchi e Fernanda Camargo, o diretor explica que eles adotaram diferentes linguagens que se complementam no resultado. “Abordei um tom mais irônico e incluí cenas musicais. Uma das diretoras apostou em destacar o silêncio, que revelasse o estado psicológico e o medo das garotas e a outra decidiu explorar números de dança, em uma dramaturgia mais corporal.”

Com três cabeças propondo ideias, Caroline afirma que também foi necessário firmar sua parceria com Carla no palco, para conquistar certa unidade na peça. “Foi uma maneira de criar possibilidades no mesmo trabalho. A história das irmãs e sua narrativa continuam.”

A peça, com ingressos a R$ 20, têm sessões às quintas, sextas, às 21h, e domingos, às 20h, e fica em cartaz até 14 de agosto.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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