Variedades

Virginie Efira comenta sua participação no remake da comédia Coração de Leão

Virginie Efira veio ao Brasil integrando a comitiva do Festival Varilux deste ano. De certa forma, 2016 está sendo o ano da bela atriz, que participou da seleção de Cannes, em maio, com dois longas – Elle, na competição (e a maioria da crítica ainda tenta entender como e por que o júri de George Miller ignorou o thriller de Paul Verhoeven), e Victoire, de Justine Triet, na Semana da Crítica. No primeiro, a participação de Virginie é pequena (embora significativa). Nos demais, é protagonista. Em Um Amor à Altura, que estreou na quinta, 4, divide a cena com Jean Dujardin na história da advogada que se envolve com um anão. Em Victoire, faz outra advogada que defende traficante acusado de assassinato.

Bela mulher, anão… Lembra alguma coisa? Claro – o argentino Coração de Leão, de Marcos Carnevale, do qual o filme francês é o remake. Alguém haverá de perguntar – por que um remake do filme argentino? Porque Coração de Leão ultrapassou as fronteiras nacionais e foi um sucesso planetário. Ambas as versões tratam do envolvimento de uma mulher de estatura normal com um homem verticalmente prejudicado (eufemismo horrível para anão). De cara, o anão, que é rico, supera o desconforto da mulher, o seu estranhamento, levando-a numa viagem que culmina num salto de paraquedas. Mais de um crítico já escreveu que os filmes, em vez de denunciar o preconceito, o consolidam. É uma maneira de olhar. Na verdade, tanto o diretor argentino como o francês (Laurent Tirard) esperam que o espectador, e a espectadora, se conscientizem de que, sem esse plus a mais – o dinheiro -, a história já teria terminado.

No Rio, em conversa com o repórter, Virginie disse que o diretor Tirard tentou recorrer o mínimo possível a efeitos digitalizados. Em ambos os filmes, os atores são altos. Guillermo Francella, Jean Dujardin, o astro de O Artista tem quase 1,90 m. Seria fácil, mesmo que dispendioso, comprimi-lo digitalmente. Laurent Tirard achava que isso comprometeria o trabalho dos atores. O que fez? “Na maioria das tomadas, Jean está de joelhos ou então se locomovendo numa espécie de banquinho com rodas. Laurent (o diretor) usou esses efeitos artesanais para as cenas de campo e contracampo, ou para aquelas em que não aparecemos de corpo inteiro. Nas cenas com efeitos digitais, eu representava olhando para baixo e Jean, para cima. O mais difícil foi a cena da dança, porque não podíamos nos tocar. O toque foi finalizado, posteriormente, no computador.”

Dificuldades à parte, Virginie diz o que é essencial em Um Amor à Altura. “Laurent deixou muito claro para a gente que seu filme é sobre a construção, e a desconstrução do olhar. Jean tem um diálogo, e seu filho também, em que falam como é se sentir observado. A advogada também se sente presa por esse olhar externo, seja do ex-marido ou da secretária. Na verdade, o verdadeiro preconceito do qual nossos personagens precisam se libertar é da ditadura do olhar do outro. Gosto da cena com a mãe. Ela é preconceituosa com o namorado da filha, mas não com o marido, que é surdo. É um defeito que não se percebe com o olhar. Amo as duas na contramão, no tráfego e na vida. É a ideia – às vezes, precisamos nos arriscar na contramão para ser felizes.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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