Pedro Afonso Rezende fez 20 anos na quarta-feira, 24. Aos 15, o londrinense queria ser jogador de futebol e foi passar uma temporada na Itália. Sua fama, porém, viria de outra iniciativa: o canal Rezendeevil, criado nessa mesma época no YouTube para tratar do universo Minecraft, game que é febre mundial. Hoje, 8 milhões de pessoas estão inscritas para acompanhar seus vídeos diários. E mais de 30 pessoas o ajudam em seu objetivo: “Estar no topo”.
Na venda de livros, ele já está. Segundo a Nielsen, Rezende é o youtuber com mais exemplares vendidos no Brasil em 2016. Autor de Dois Mundos, Um Herói (2015) e De Volta ao Jogo (2016), ambos publicados pela Suma de Letras e que somam 270 mil exemplares vendidos, ele deve encerrar a trilogia no fim do ano. E chega à Bienal do Livro de São Paulo, que abre nesta sexta-feira, 26, sua programação, como uma das principais atrações. Afinal, esta será a Bienal dos youtubers. E da histeria – tanto que senhas estão sendo distribuídas previamente.
Em sua fila de autógrafos, devem ser vistos meninos a partir dos 5 anos. “Os eventos são sempre muito cheios e as senhas se esgotam muito rápido. Fico muito feliz. Uma vez, ouvi que o menino estava sendo alfabetizado e já estava lendo o livro”, conta.
Rezendeevil é um canal de entretenimento, mas o youtuber sabe de sua responsabilidade perante os meninos. “Tenho consciência disso e não falo palavrão ou coisas que crianças não podem ouvir. E tento sempre passar alguma lição. Coisas simples do tipo acreditar nos seus sonhos e em você mesmo, respeitar os pais.”
A brincadeira virou trabalho há algum tempo e em 2015 chegou-se a comentar que ele ganhava R$ 1 milhão por ano. “Isso é viagem. Para falar a verdade, quase não vejo o dinheiro que ganho. Meus pais cuidam de tudo, da minha carreira, e estão sempre ali, ajudando a assessoria, a publicidade. E cuidam do dinheiro, investem.” Ele ganha uma espécie de mesada, conta – e ri.
Com tantas viagens e vídeos, Rezende comenta que não sobra tempo para estudar. Mais para a frente, ele pode encarar uma faculdade. Publicidade, talvez. Medicina, como o pai. Direito. Não sabe ainda. Por enquanto, curte a fama, vai crescendo e ficando mais vaidoso – nos primeiros vídeos víamos um garoto com espinha escondido embaixo de um boné – e despreocupado com a concorrência – que existe. “Não tenho quase tempo para o meu canal, imagina se vou ver o canal de outra pessoa. É óbvio que outros vão crescer e dar certo, mas tento estar sempre no topo”, finaliza.
Logo depois de Rezende na lista da Nielsen, aparece o mineiro Marco Túlio, 20, criador do canal Authenticgames, também sobre Minecraft, e que reúne 6,2 milhões de “maninhos e maninhas”, como ele chama seus fãs. Um detalhe: Marco só tem um livro publicado. Authentic Games – Vivendo Uma Vida Autêntica, que conta sua história e a história de seu canal e foi lançado em março, já vendeu, segundo a editora Astral Cultural, 148 mil exemplares.
Na Bienal, ele, que já levou 7 mil pessoas a um lançamento em Belo Horizonte, apresenta A Batalha da Torre, primeiro volume de uma trilogia interativa que deve ganhar novos títulos em novembro e em fevereiro.
Marco Túlio também está no negócio há cinco anos, e ainda não se acostumou com a repercussão. “Mas entendo o que esses números representam e como a minha responsabilidade aumentou.” Assim como Rezende, ele fala para crianças. “Conhecendo bem esse público, busco sempre passar uma mensagem positiva, bem-humorada e de fácil entendimento. Recentemente, por exemplo, produzimos um vídeo sobre os cuidados para a prevenção contra os mosquitos da dengue e zika, que o Ministério da Saúde acabou utilizando como peça informativa em seus canais de comunicação. Nos meus shows mostro como sou uma pessoa normal, que pratica esportes, que descansa, que se alimenta bem. Procuro sempre deixar uma mensagem positiva para os maninhos alertando para eles não esquecerem dos estudos e da diversão fora da tela do computador”, explica.
Os garotos são apenas alguns dos convidados da Bienal que termina em 4 de setembro. Veja outros destaques ao lado.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.